quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


A Viagem ao País da Manhã - Hermann Hesse


Sinopse:

"O presente livro de Hermann Hesse leva-nos rumo ao País da Manhã, que não é “algo meramente geográfico, mas a Terra-Mãe e a Juventude da alma, (…) o ubíquo e o nenhures (…) a unificação de todos os tempos “. Ao longo de uma caminhada iniciática e simbólica, acompanhamos o narrados-autor na sua tentativa de contar uma aventura outrora vivida e que agora se transforma num percurso misterioso de descoberta do seu destino e da sua identidade, em união com um todo universal e infinito.
Esta pequena história , escrita em 1930-31, revela-se então, sobretudo, como uma reflexão sobre a escrita, mas também como observação dos desafios, desvios e iluminações da existência humana, numa peregrinação interior que busca a pureza da infância, a Unidade e a Luz.
Aludindo a outras obras e mesmo a dados biográficos do Autor, assim como a  condições históricas muito precisas (avizinhava-se o Terceiro Reich…), Viagem ao País da Manhã condensa em si os elementos fundamentais de toda a sua poética e torna-se assim, um percurso no labirinto da própria escrita de Hesse, cuja beleza e mestria foram premiadas em 1946 com o Prémio Nobel da Literatura."

Este livro relata-nos uma viagem iniciática em que o narrador, identificando-se com o próprio autor HH, percorre entre os membros de uma determinada Ordem. Esta viagem traça um caminho de auto conhecimento que se acaba por revelar um teste à fé, ao amor fraternal e às crenças espirituais de cada um.
Um desfecho inesperado leva-o a querer escrever esta aventura simbólica de  descobrimento do ser humano, tarefa que, no entanto, vê dificultada pela obrigatoriedade de manter secretas as cláusulas da Ordem. Esta tentativa leva-o novamente ao encontro da autenticidade, da pureza do espírito e da união com o todo universal.
A escrita e a estrutura da obra levam-nos a crer que estamos perante uma lenda antiga.Por vezes o texto transborda de frases simples e imagens coerentes que rapidamente passam a ideias confusas e complexas, poéticas e mesmo intransigentes. São as dúvidas  existenciais que assaltam a mente humana e que levam a uma incessante e eterna busca do conhecimento pessoal.
É um livro de leitura agradável, encantador e cheio de simbologias.
Deixo-vos um pequeno trecho:

“Entre as particularidades da Viagem ao País da Manhã também constava o facto de a Ordem perseguir com esta caminhada fins bem determinados e muito elevados (estes pertencem à esfera do segredo, não sendo portanto, comunicáveis), podendo, no entanto, cada um dos participantes ter o seu próprio objectivo-destino, sim, devendo mesmo tê-lo, porque não se levava ninguém que não fosse motivado por objectivos pessoais. E cada um de nós, parecendo seguir ideais e fins comuns e lutar sob uma mesma bandeira, levava individualmente no seu coração, como força mais intima e último consolo, o seu próprio sonho louco de infância. No que diz respeito ao meu próprio objectivo e destino de viajem, sobre o qual tinha sido interrogado pela Cátedra Suprema antes da minha admissão, era de natureza simples, ao passo que alguns outros irmãos se tinham colocados objectivos, que eu podia, evidentemente, respeitar bastante, mas não entender plenamente. Um, por exemplo, procurava tesouros e não tinha outra coisa na mente senão a conquista de um tesouro sublime, que ele chamava de “Tao”, um outro, no entanto, tinha mesmo metido na cabeça capturar uma certa serpente, á qual ele conferia poderes mágicos e que se chamava Kundalini. Em contrapartida, o meu próprio objectivo de viagem e vida, que já desde os anos tardios da adolescência se me apresentara em sonhos, era o seguinte: ver a bela princesa Fatme e, porventura conquistar o seu amor.”

Nota - 7/10


4 comentários:

  1. Olá amiga caminhante,

    Gostei de ler a tua critica, penso que este tipo de livro é mesmo o tipico do escritor, a procura do conhecimento do homem, uma viagem pela vida em busca de nos conhecermos melhor, deve ser mais uma leitura agradavel sem duvida este livro ;)

    PS: Aqui te deixo uma sugestão, podias atribuir uma nota ao livro por exemplo 5/7 ou outra escala ao teu gosto, mas é só uma sugestão.

    Continuação de boas leituras *A que brilha*

    BJS

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  2. Tens razão posso de facto atribuir uma nota aos livros que vou lendo. Não gosto da escala do GR de 1 a 5, mas penso talvez numa escala de 1 a 10, que dá para fazer equivalência ao que pontuo lá.
    Leitura de facto agradável.
    Agora uma pausa em temas filosóficos e parto para a leitura conjunta :)
    Boas leituras para ti também
    Bjs

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  3. Boa fazes bem quando atribuires uma nota muito baixa nem me vou dar ao trabalho de ler, estou a brincar claro :D

    Sim convém rimos lendo coisas diferentes, lá está alargar horizontes ;)

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  4. A nota que dei a este livro, tem um pouco a ver com outros livros deste autor, que como sabes eu gosto bastante.
    Apesar de ter gostado deste, comparativamente tive de lhe dar esta nota.
    Quando tiver um livro com nota muito baixa, podes acreditar que comentarei a razão pela qual dei a nota.
    E eu posso não gostar de um livro que outros gostam....

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