sexta-feira, 27 de março de 2015

Teremos Sempre Paris de Ray Bradbury




Sinopse


Nesta selecção de contos inéditos, o inimitável Ray Bradbury encanta-nos de novo com a sua prosa fluente e cantante. Imagina coisas extraordinárias e observa com especial acutilância as fraquezas humanas, as pequenas falhas de carácter. Maravilha-nos com a magia que durante anos dominou e sempre tão presente esteve na sua escrita. Seja explorando as diversas possibilidades do renascimento, seja analisando as circunstâncias que podem fazer de qualquer homem um assassino ou, uma vez mais regressando a Marte, Bradbury revela-nos um mundo a que ficamos presos.Os seus contos são eternos. Teremos Sempre Ray Bradbury.

 

 



Há muito tempo que andava para ler Ray Bradbury, mas ainda não tinha surgido a oportunidade. Dos seus inúmeros livros aquele que me veio parar às mãos foi “Teremos sempre Paris” talvez porque é um livro de contos.

Confesso que não estava à espera do que li. Esperava algo mais ligado à FC, uma distopia, contos passados em um planeta distante ou algo diferente pois são estes, normalmente os temas dos seus livros.

Muito bens escritos, os contos curtos de “Teremos sempre Paris” são bastante diferentes, o que faz com que nos identifiquemos mais com alguns e não gostemos tanto de outros.

No entanto ao longo das páginas deste livro encontramos pequenas histórias (no total de 22) que nos apresentam retractos sociais, detalhes do quotidiano aliados a uma fantasia que por vezes chaga a ser bastante subtil.

Segundo o próprio autor refere, na introdução, estes contos foram escritos ao longo da sua vida. Este facto é notório porque de certa forma se vê reflectidos a vivência mais ou menos acentuada do autor, na diversidade dos temas abordados.

Uma obra muito social, muito sobre a natureza da mente humana, dos seus dramas e da sociedade. Em muitos contos encontramos o reflexo da sociedade, tão hipócrita e tão desumana na vida dos personagens, simples cidadãos. É nesta divergência e por vezes incompatibilidade que Bradbury explora, e muito bem, as fraquezas humanas, as falhas de caracter que podem transformar um qualquer cidadão num eminente assassino.

Se fiquei surpreendida ao ler este livro, porque esperava algo diferente, não significa que não tenha gostado do que li.

Gostei, e de alguns contos posso afirmar que gostei bastante, porque mesmo nestas histórias, que poderão ocorrer a qualquer momento com as pessoas com quem cruzamos diariamente, existe uma certa “magia” que as envolve numa ambiência que me parece muito típica da escrita de Ray Bradbury.

Locais estranhos, ruas e campos que não levam a lado nenhum e que provavelmente são apenas extensões da mente humana.

Parecem, por vezes, pequenos momentos de reflexão, momentos de observação sobre o que nos rodeia, as pessoas que se cruzam nas ruas, em que o autor captou a imagem e lhe deu o seu toque muito pessoal, transpondo-a para o papel, revelando-se em praticamente todos eles uma certa sátira à sociedade em que vivemos.

Sem ser um livro excelente é uma agradável leitura para quem goste de contos do quotidiano com uma leve dose de “loucura”, é claro.
 
 
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 192
Editor: Bizâncio
ISBN: 9789725305478

 

sexta-feira, 20 de março de 2015

"Espada que sangra" de Nuno Ferreira


Sinopse
"A palavra dos homens teve muito crédito, em tempos idos. Mas quando a soberba e a sede de poder e glória moldam o comportamento humano, a mentira torna-se um instrumento para pentear as suas próprias fraquezas." 

Espada Que Sangra é o primeiro volume de Histórias Vermelhas de Zallar, um delicioso cocktail de fantasia, intriga, mistério, suspense, erotismo, aventura e ação, passado num mundo fantástico de civilizações que nos apaixonam a cada página. Zallar é um mundo complexo, onde três continentes lutam arduamente pela sua sobrevivência. No Velho Continente existe uma terra almejada há milénios, desde os tempos em que os medonhos Homens Demónio dominavam a região: Terra Parda, onde as cidades-estado são chamadas de espadas e um minério conhecido por tormento negro tornou possível a existência de armas de fogo. Hoje, são os descendentes dos extintos Homens Demónio quem ameaça as fronteiras desta terra próspera em vegetação, savanas e desertos - os malévolos mahlan. A Guerra Mahlan está prestes a atingir o seu ápice, e agora, tudo pode acontecer. Mas Lazard Ezzila e Ameril Hymadher, reis das principais fortalezas de Terra Parda que viveram um intenso romance na sua juventude, vão perceber de uma forma perturbadoramente selvagem que os seus maiores inimigos podem viver consigo ou partilharem dos seus próprios lençóis




Opinião

Dono de um vocabulário invejável Nuno Ferreira, presenteou o mercado português, no ano passado, com a sua primeira obra “Espada que sangra”, um livro que nos transporta para um mundo ficcional onde nasce a primeira semente das Histórias Vermelhas de Zallar.

Numa primeira parte, é-nos relatada a sua história. A criação destas terras quentes, os seus povos, os deuses e demónios que lutaram pelos seus territórios, os sobreviventes e os seus descendentes. Pouco depois, pela mão dos personagens vamos entrando em Zallar, na Terra Parda e nas cortes de Lazard Ezzila e Ameril Hymadher.

Um mundo de intrigas e guerras onde o poder é o principal soberano.

Ao lermos o seu livro, vemos que o autor bebeu de muitas fontes, pois existem alguns traços que poderíamos identificar com outros autores. No entanto, estes desvanecem-se rapidamente levando-nos de volta ao mundo muito próprio e único de Zallar.

A leitura é muito agradável. A escrita se por um lado é simples e concisa, por outro é riquíssima em vocabulário, criando o suspense e o entusiasmo em cada virar de página.

Um conjunto de sentidos que explodem nas descrições, as personagens e os ambientes são descritos minuciosamente, desde o tom da cor da pele, à textura das roupas, ao gume afiado da espada e mesmo ao frio do mármore que reveste as paredes.

Aqui surge uma das críticas que coloco ao autor, uma crítica muito pessoal que funciona apenas para o meu gosto em termos literários. Eu gosto de deixar a minha mente voar um pouco sobre as páginas que leio e neste caso, com a minúcia das descrições, há muito pouco que fica disponível à nossa imaginação.

É pena que não tenha sido feita uma revisão mais cuidadosa em termos do texto. Existem algumas “gralhas” linguísticas que poderão afastar alguns leitores, pois por vezes podem quebrar o ritmo de leitura para aqueles que sejam mais observadores e mais rigorosos. Mas penso que esta questão poderá ser ultrapassada com o próximo volume.

É com muita curiosidade que fico a aguardar a saída do próximo volume das Histórias Vermelhas de Zallar que segundo o site oficial do autor se chamará “Garras Gélidas”.

No seu site, Nuno Ferreira fala-nos de todo o mundo que criou, alargando o nosso horizonte e despertando-nos a curiosidade cada vez mais.  Pode ser consultado aqui


Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 676
Editor: Chiado Editora
ISBN: 9789895117369
Coleção: Mundo Fantástico