sexta-feira, 13 de maio de 2022

"Chamavam-lhe Grace " de Margaret Atwood

 



Sinopse

Corre o ano de 1843 e Grace Marks foi condenada pelo seu envolvimento no brutal homicídio do dono e da governanta da casa onde trabalha. Há quem julgue Grace inocente; outros dizem que é perversa ou louca. Agora a cumprir prisão perpétua, Grace diz não ter qualquer memória do crime. Um grupo de clérigos e espíritos que lutam para que Grace seja perdoada contrata um especialista em saúde mental, uma área científica em expansão na época. Ele escuta a sua história, fazendo-a recuar até ao dia que ela esqueceu. O que encontrará ele quando tentar libertar as memórias de Grace?

 

 



Grace, uma jovem irlandesa, viaja para o Canadá ainda bastante nova, juntamente com a sua família à procura de uma vida melhor. No entanto nada corre como previsto. A mãe adoece e morre durante a viagem e o pai chega a um mundo completamente desconhecido com os dois filhos pequenos e Grace, ainda adolescente.

Muito cedo, a jovem procura trabalho como criada e sai de casa, perdendo a ligação à família. Seguem-se outros trabalhos, a sua amizade com Mary Whitney e por fim a sua mudança para a casa de Mr. Kinnear, onde são descritas as suas tarefas e o seu relacionamento com os restantes habitantes da casa e vizinhos, até ao dia em que tudo muda na sua vida. Acusada de ser cúmplice de James McDermott,  no assassinato do patrão (Thomas Kinnear ) e da sua governanta (Nancy Montgomery, amante de Kinnear), é julgada e condenada a prisão perpétua.

Nestes dois parágrafos pode-se resumir a história principal. No entanto esta é apenas a linha condutora que nos é relatada por Grace, nas suas conversas com Simon Jordan, psiquiatra, estudioso da complexa mente humana, que é contactado por um grupo de cidadãos que acreditam na inocência da jovem mulher.

De manhã, escoltada por dois guardas, a jovem mulher vai trabalhar para casa do diretor da prisão, regressando à prisão ao final do dia. É na sala de costura com o seu cesto na frente, enquanto costura, que Grace vai relatando a sua vida ao médico. 

Perante aquele médico atencioso, jovem e simpático, Grace surge como uma mulher sã e inteligente, muito diferente daquela que ele esperava encontrar. O caso complementa-se pela leitura dos relatórios do tribunal, e do hospital psiquiatra onde Grace esteve internada e torna-se um mistério para Jordan que quer entender a verdade que está por detrás de todos os factos e da qual  Grace não se lembra.

A história transporta-nos para o ambiente do Canada, no século XIX. Baseada num caso verídico, ocorrido em 1843 onde os verdadeiros Grace Marks e James McDermott foram condenados à morte pelo homicídio de Thomas Kinnear e Nancy Montgomery. McDermott acabou condenado a morte por enforcamento e Grace, condenada a prisão perpétua, pois conseguiu ver a sua pena atenuada.

Tudo o resto é obra de Margaret Atwood que primorosamente construiu um romance muito bom que recomendo a todos, quer pela escrita fantástica desta autora que muito admiro, quer pela história cativante que nos vai aliciando e que, tal como a Simon Jordan, queremos perceber e resolver.