tag:blogger.com,1999:blog-34820719226821072932023-11-16T06:27:40.668-08:00folhas do mundoSão Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.comBlogger109125tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-39906925239895621572022-09-28T14:29:00.003-07:002022-09-28T14:29:51.597-07:00"O Enigma da Chegada" de V. S. Naipaul<p> </p><p><br /></p><p><br /></p><p></p><p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxBsg8j9GRWyWZvnVSA84AaYh8E8_gtst9cWWw-Mv8erJLrkq-V-s7EzVWJOJIaaE6FjRvcg-9vrkvma0ogslEp_oVsD2M5WJmlPPx3UPq3LSScaQWkRfx8blpJNUBdH4kmWcchl7v4f7tXQIKBV20A-Y1Slg2q4hjfc9-3Ylgl_tN7rq3qlTxv5MgDA/s783/500x.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="783" data-original-width="500" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxBsg8j9GRWyWZvnVSA84AaYh8E8_gtst9cWWw-Mv8erJLrkq-V-s7EzVWJOJIaaE6FjRvcg-9vrkvma0ogslEp_oVsD2M5WJmlPPx3UPq3LSScaQWkRfx8blpJNUBdH4kmWcchl7v4f7tXQIKBV20A-Y1Slg2q4hjfc9-3Ylgl_tN7rq3qlTxv5MgDA/s320/500x.jpg" width="204" /></a></p><br /><p></p><p></p><div style="text-align: justify;"><i>Sinopse</i></div><i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><i>A história de um jovem indiano do Caribe que chega a uma Inglaterra pós-imperial e do caminho que este trilha na descoberta de si enquanto escritor. É a história de uma particularíssima viagem, também interior, da colónia britânica de Trinidad às regiões rurais da velha Inglaterra, de um estado de espírito para outro, tecida com uma notável inventividade que cria um romance rico e completo.</i></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><i>O romance mais autobiográfico do Prémio Nobel da Literatura</i></div></i><p></p><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Opinião</p>
<p style="text-align: justify;">Esta obra foi a primeira que li do autor. Foi a escolha de uma
amiga do nosso trio de leitura conjunta e surpreendeu-me muito pela
positiva.</p>
<p style="text-align: justify;">Por várias vezes tinha observado os livros de Naipaul nas
livrarias e nunca me suscitaram curiosidade, talvez porque nunca
aprofundei o meu conhecimento quer pelo autor, quer pela sua obra. No
entanto a partir de agora olho para eles de uma forma diferente.</p>
<p style="text-align: justify;">Neste livro, o autor apresenta-nos uma escrita muito intimista,
onde a personagem principal é o próprio narrador que nos vai
falando sobre a sua vida, os seus pensamentos e sobre os outros,
os que se cruzam na sua viagem, os que interagem com ele durante a
sua aprendizagem e em Londres e sobretudo os outros que são os seus
vizinhos na pacata região rural para onde decide ir viver.</p>
<p style="text-align: justify;">A melancolia é um fator presente em toda a obra. O dia-a-dia é
monótono, apenas a vivência do próprio narrador é importante. As
restantes personagens surgem e desaparecem como as alterações na
natureza e a passagem das estações. A vida traz mudanças ao longo
do tempo e estas são registadas pelo narrador como fazendo parte do
ambiente que o rodeia, a quinta que se transforma, as pessoas que
partem, as que morrem, o declínio do próprio espaço. No entanto,
estas mudanças levam o autor a sentir um fim, tudo se encaminha para
um final, a morte e/ou a decadência.</p>
<p style="text-align: justify;">Um livro muito descritivo, que nos transporta facilmente para o
local, as pequenas histórias quotidianas fazem-nos avaliar os nossos
valores, e levam-nos a repensar a vida no seu todo.</p>
<p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>"Quando veio a primavera e não apareceram folhas de roseiras
no meio dos galhos das moitas, com as suas sete folhas, e os botões
de rosa não brotaram com os seus espinhos, a Sra. Phillips não
disse nada, não tocou mais no assunto das roseiras e das podas. Foi
uma das minhas primeiras lições no vale a propósito da ideia de
mudança, do declínio do estado de perfeição em que eu julgara ter
encontrado as coisas. E, embora nos anos seguintes, em maio, eu
procurasse sempre os botões de rosa no meio das moitas, na esperança
de um golpe de magia, aquele silêncio da Sra. Phillips acerca das
rosas era para mim uma maneira de enfrentar o desaparecimento das
rosas. Aquilo que era perfeição para mim teria sido decadência
para as pessoas à minha volta, e algo quase inconcebível para os
homens que tinham projetado o jardim e cuidado dele nos primeiros
tempos. </i></p>
<p style="text-align: justify;"><i>Portanto, já ninguém falava de roseiras. (...)"</i></p><p></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Como
se encontra referido na sinopse, “O Enigma da Chegada” é um
livro autobiográfico, em que o autor nos conta sobre o seu percurso
enquanto escritor, ao mesmo tempo que nos fala das suas viagens a
partir da sua terra natal, Trinidad, passando por Londres e Oxford,
até uma Inglaterra rural perto das ruínas de Stonehenge, onde vive
durante alguns anos.</p>
<p style="text-align: justify;">É neste caminho que ele se descobre enquanto escritor. A formação
académica é apenas um pequenino passo de um jovem de origem
indiana, que provém de uma pequena colónia inglesa, para a
descoberta de uma Inglaterra multifacetada e com características
muito próprias a que ele não estava habituado. É um processo de
autoconhecimento de um cidadão do mundo, que se vai desenrolando
pagina a pagina e que nos leva a reconsiderar o sentimento de
pertença a um lugar, ou a uma terra.</p>
<p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>"Observei esta mudança na minha personalidade; mas, sem
sequer ter consciência de que se tratava de um tema, não escrevi
nada no meu diário. De tal forma que, entre o homem que escrevia o
diário e o viajante, havia já um hiato, um hiato entre o homem e o
escritor.</i></p>
<p style="text-align: justify;"><i>O homem e o escritor são a mesma pessoa. Mas este facto constitui
a maior descoberta de um escritor. Precisei de muito tempo - e de
quantas páginas escritas! - para chegar a essa síntese."</i></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><p></p>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-71800038767756359922022-05-13T02:54:00.004-07:002022-05-13T03:06:32.316-07:00"Chamavam-lhe Grace " de Margaret Atwood<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsalnsbHjC0nsGflAg-IcEHglfSD7HJfUwF-UdMGxWo-9RIfgRjbWb8zM54iOYv1oVijkYaiol14NVy7jfg34hRLtkMtJfol_xw7_kSsqkva8FVle1zxERLcAYyanLLYb6jpmlXu2ZqSSHY1iM5wmqesY9VFo7lHlGD5cqySkxDzcZytxU6jg57pB7kA/s3147/13174987IMG_6387.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3147" data-original-width="2048" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsalnsbHjC0nsGflAg-IcEHglfSD7HJfUwF-UdMGxWo-9RIfgRjbWb8zM54iOYv1oVijkYaiol14NVy7jfg34hRLtkMtJfol_xw7_kSsqkva8FVle1zxERLcAYyanLLYb6jpmlXu2ZqSSHY1iM5wmqesY9VFo7lHlGD5cqySkxDzcZytxU6jg57pB7kA/s320/13174987IMG_6387.jpg" width="208" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Sinopse<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Corre o ano de 1843 e Grace Marks foi condenada pelo seu
envolvimento no brutal homicídio do dono e da governanta da casa onde trabalha.
Há quem julgue Grace inocente; outros dizem que é perversa ou louca. Agora a
cumprir prisão perpétua, Grace diz não ter qualquer memória do crime. Um grupo
de clérigos e espíritos que lutam para que Grace seja perdoada contrata um
especialista em saúde mental, uma área científica em expansão na época. Ele
escuta a sua história, fazendo-a recuar até ao dia que ela esqueceu. O que
encontrará ele quando tentar libertar as memórias de Grace?</i><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><br /></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><br /></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Grace, uma jovem irlandesa, viaja para o Canadá ainda
bastante nova, juntamente com a sua família à procura de uma vida melhor. No
entanto nada corre como previsto. A mãe adoece e morre durante a viagem e o pai
chega a um mundo completamente desconhecido com os dois filhos pequenos e Grace,
ainda adolescente. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Muito cedo, a jovem procura trabalho como criada e sai de
casa, perdendo a ligação à família. Seguem-se outros trabalhos, a sua amizade
com Mary Whitney e por fim a sua mudança para a casa de Mr. Kinnear, onde são
descritas as suas tarefas e o seu relacionamento com os restantes habitantes da
casa e vizinhos, até ao dia em que tudo muda na sua vida. Acusada de ser cúmplice
de James McDermott,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>no assassinato do
patrão (Thomas Kinnear ) e da sua governanta (Nancy Montgomery, amante de
Kinnear), é julgada e condenada a prisão perpétua. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nestes dois parágrafos pode-se resumir a história principal.
No entanto esta é apenas a linha condutora que nos é relatada por Grace, nas
suas conversas com Simon Jordan, psiquiatra, estudioso da complexa mente
humana, que é contactado por um grupo de cidadãos que acreditam na inocência da
jovem mulher.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De manhã, escoltada por dois guardas, a jovem mulher vai
trabalhar para casa do diretor da prisão, regressando à prisão ao final do dia.
É na sala de costura com o seu cesto na frente, enquanto costura, que Grace vai
relatando a sua vida ao médico.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Perante aquele médico atencioso, jovem e simpático, Grace
surge como uma mulher sã e inteligente, muito diferente daquela que ele
esperava encontrar. O caso complementa-se pela leitura dos relatórios do tribunal,
e do hospital psiquiatra onde Grace esteve internada e torna-se um mistério
para Jordan que quer entender a verdade que está por detrás de todos os factos
e da qual<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Grace não se lembra. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A história transporta-nos para o ambiente do Canada, no século
XIX. Baseada num caso verídico, ocorrido em 1843 onde os verdadeiros Grace
Marks e James McDermott foram condenados à morte pelo homicídio de Thomas
Kinnear e Nancy Montgomery. McDermott acabou condenado a morte por enforcamento
e Grace, condenada a prisão perpétua, pois conseguiu ver a sua pena atenuada.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tudo o resto é obra de Margaret Atwood que primorosamente
construiu um romance muito bom que recomendo a todos, quer pela escrita
fantástica desta autora que muito admiro, quer pela história cativante que nos
vai aliciando e que, tal como a Simon Jordan, queremos perceber e resolver. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-61140872376888638782022-03-28T01:33:00.002-07:002022-05-13T03:08:01.210-07:00Exercício de escrita "O último dia de um condenado"<p> </p><p><br /></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhktAnawNRir5gFh_USxaGbotKO2uDuZztraIAZyKO-qcjSnnoaL23ZelyxsPutixjMQDGNuibBXlKHxHUBJvRkgr4vz0_CO4y_2o8XaiW9pzpKh5MVjyKGoqDlolf4xijDnd_ih5zETTvhhbYBk5pV7GEaK3G-AA63XJZqAolLNUaRZ_c8NBLHw83Q5g/s666/cc9ca2da5579d2e7afba73d02e5892ec.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="666" data-original-width="500" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhktAnawNRir5gFh_USxaGbotKO2uDuZztraIAZyKO-qcjSnnoaL23ZelyxsPutixjMQDGNuibBXlKHxHUBJvRkgr4vz0_CO4y_2o8XaiW9pzpKh5MVjyKGoqDlolf4xijDnd_ih5zETTvhhbYBk5pV7GEaK3G-AA63XJZqAolLNUaRZ_c8NBLHw83Q5g/w300-h400/cc9ca2da5579d2e7afba73d02e5892ec.jpg" width="300" /></a></div><br /><p><br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hoje
trouxeram-me um vestido. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não
sei porque razão querem que o vista, se tudo vai arder. Devem achar que o meu
velho vestido não é apropriado, está sujo e roto. Mas é com ele que vou, pois é
meu e se serviu para estar, durante todo este tempo, neste antro imundo e
malcheiroso também servirá para me acompanhar até ao fim. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
ser humano é vil e egoísta! Como é possível que não entendam a mais básica das
ciências, a mais antiga de todas as religiões. A minha avó ensinou-me a
respeitar a natureza e a conhece-la como a palma da minha mão, a saber usar
aquilo que ela nos dá para vivermos melhor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
calêndula que apazigua as gripes e constipações, a doce-lima os males do estomago,
a valeriana que nos ajuda a conciliar o sono em noites complicadas, a casca da
bétula para irritações na pele e tantas outras que podem ajudar-nos. Mas para
esses que nada compreendem do mundo que os rodeia, todo este conhecimento é
bruxaria. Gentalha importante, mas pobre de espirito, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sei
que os minutos, passam e dentro em pouco tudo terminará para mim. Lá fora oiço
o burburinho do povo que se aproxima para verem a bruxa arder na fogueira. Até
esses que iam ter comigo à procura de mezinhas que lhes acalmassem as dores ou
o sofrimento, hoje estão aqui para verem o espetáculo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sinto
as botas de couro a calcorrearem o andar de cima. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Aproxima-se
a hora e eu respiro fundo. Penso na minha vida e vejo o sorriso do meu filho,
as gargalhadas dele quando brincávamos ao sol, dando cambalhotas no prado e
correndo em direção ao riacho, onde mergulhávamos para ver os peixes a fugirem
espavoridos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Lembro-me
das histórias que lhe contava “era uma vez um rapaz que vivia numa floresta longínqua…”,
“o que é longínqua mamã? “perguntava com a sua voz doce. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Agora
oiço as chaves a baterem entre si, fazendo eco nas masmorras. Os guardas falam
baixo, mas as suas vozes são possantes e ouvem-se bem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Lembro-me
quando lhe ensinei a ler e ele descobriu um mundo gigante à sua volta, queria
sempre saber mais e mais. Cresceu muito depressa e em pouco tempo deixei de ter
aqueles bracinhos fofos que me envolviam e os beijos molhados pelas lágrimas
causadas pelo joelho esfolado ou pelo pico no dedo. Ah …. Agora sinto falta da
barba que desponta e que me pica quando, num rápido momento de ternura, ainda
me envolve com os seus braços fortes e me deposita um beijo no rosto. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Abrem-me
a porta e levanto-me. Não digo nada, sigo em frente, no meio deles. Solto o meu
cabelo que cai pelas costas, como um xaile vermelho que me aconchega de volta
ao lar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Lá
fora, o sol apanha-me desprevenida, fecho os olhos por um momento e desoriento-me.
Sinto a mão do guarda a agarrar-me no braço com força e dou um puxão, soltando-me
e caminho em direção à pira que espera por mim. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Atam-me
com força, devem ter medo que faça um feitiço e que saia dali a voar montada
numa vassoura. Uma multidão ruidosa assiste. Olho em frente e vejo os rostos
sedentos, querem sangue, querem espetáculos macabros que os façam esquecer a
miséria da humanidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vejo-o!
No meio da multidão, sério com o seu rosto lindo. Tem uma mochila às costas,
percebo que vai partir.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As lágrimas
correm silenciosas pelas faces que tantas vezes beijei. Sorrio-lhe e sinto um
calor imenso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Fecho
os olhos, guardo essa recordação dentro de mim e sinto-me livre para partir com
ele, correndo o mundo à procura de novas aventuras.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"></span></span></p>Obrigada Lara Barradas, Laboratório de escrita (https://www.laboratoriodeescrita.com/) <div><o:p><br /></o:p></div>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-79955675955200334742022-03-02T03:10:00.005-08:002022-05-13T03:07:43.357-07:00 Março em Sintra<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgwI0TCxQUSilPWuWXvl1LqsI06XtswKJqiIceKzzXJx6JtxbnDTmqWhIQRSJls_GL12tP0gekgMVua6SVfyMXYYkxoT7dDjDd5vmHqW6IPfIbX2rkuY9e6So2RX_-0egkxdzTmWV2bQsPTjl2o46MqdDb10mbndxBkDdorgUsJVUwRtOevNm-zDnihyg=s2048" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgwI0TCxQUSilPWuWXvl1LqsI06XtswKJqiIceKzzXJx6JtxbnDTmqWhIQRSJls_GL12tP0gekgMVua6SVfyMXYYkxoT7dDjDd5vmHqW6IPfIbX2rkuY9e6So2RX_-0egkxdzTmWV2bQsPTjl2o46MqdDb10mbndxBkDdorgUsJVUwRtOevNm-zDnihyg=w400-h300" width="400" /></a><br /></div><div><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">Março, mês
da primavera e já se sente no ar esta doce estação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Naqueles
breves momentos do dia em que o vento ou a brisa ligeira se torna quente e o
sol brilha aquecendo-nos a alma, num céu imenso cheio de azul, ouvem-se os
pássaros e as pessoas passam com um sorriso no rosto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">Mas Sintra
não é um local de primavera. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">É verde, da
cor da folhagem das árvores que ladeiam as ruelas íngremes que se cruzam e
lançam os seus visitantes à descoberta dos seres antigos que por aqui vagueiam.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">É da cor da
paisagem, mistura-se com o musgo que cobre as pedras antigas que povoam os
caminhos e meandros da serra e os muros das velhas casas da vila. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">Apenas as
glicínias descem em cachos lilases pelos alpendres, muretes e pérgolas das
casas senhoriais, com os seus troncos retorcidos e antigos, deixando por alguns
momentos o seu cheiro doce e almiscaro no ar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">A serra
espreita, mergulhada no seu manto feito de neblina cinza e pedaços de sonhos
que descem em lufadas sobre a vila. Nos velhos trilhos, pelo cair da noite,
sussurram-nos vozes profundas que contam histórias, lendas tão antigas que o
tempo já se esquecera delas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">É uma alma
antiga que espera serenamente pela bruma mágica e os seus mistérios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">Em Sintra
vive-se e sente-se.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh_5PUJ1faXQlhAEPhy_Iw7Ss6hg-58izy8qXXqCv8wCfdJ2z5kjianAR_pacGh9vBQz4RkDB5WkE4c7BpmhS7ue2H8Y3rTrUBmkmdc6Ed8_jcXAiD3Q8UXaanBp4riX10LNwMbEkADytomaOjQDb90aSBvjvE6HRnSFI2CJzkmTJpsAA9zRSpBR1Euqg=s960" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh_5PUJ1faXQlhAEPhy_Iw7Ss6hg-58izy8qXXqCv8wCfdJ2z5kjianAR_pacGh9vBQz4RkDB5WkE4c7BpmhS7ue2H8Y3rTrUBmkmdc6Ed8_jcXAiD3Q8UXaanBp4riX10LNwMbEkADytomaOjQDb90aSBvjvE6HRnSFI2CJzkmTJpsAA9zRSpBR1Euqg=w300-h400" width="300" /></a></div><br /></div><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p><br /><p></p></div>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-7954941713858983342022-02-11T04:09:00.003-08:002022-02-11T04:26:26.676-08:00Mais um exercício de escrita: um texto com as palavras "editor, pai e falhanço"<p><i>Pedro, o menino voador </i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Desde
muito cedo que a mãe tinha sentido, na sua barriga, aqueles pezinhos minúsculos
a saltitarem e a baterem nos seus órgãos internos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quando
nasceu era uma criança saudável, calminha e muito bem disposta. Mas assim que
começou a andar, nunca mais parou. Pulava, corria, andava e mesmo quando, já
cansada se sentava, os seus pés nunca paravam. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">-
Os meus pés têm asas – dizia sempre que alguém lhe perguntava porque não ficava
sossegado por um bocadinho. – Eles querem voar!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Contudo
o momento mágico revelou-se no Natal do ano em que completou os oito anos. Foi
nessa altura que a casa do lado foi comprada por um senhor simpático que tinha
umas barbas brancas. Falava-se que era um editor, alguém que lia muito e cujo
trabalho era pesquisar novos talentos na arte da escrita e publicar os seus
livros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Era
simpático e Pedro, assim se chamava a criança dos pés voadores, gostava dele.
Cruzavam-se várias vezes à entrada do prédio e o Sr. Nicolau tinha sempre uma
palavra agradável para ele. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Foi
numa noite fria em que Pedro já estava deitado, que de repente algo
extraordinário aconteceu. Primeiros ouviram-se uns sons soltos., quase parecia
um gato a dar umas miadelas, nas traseiras do prédio. Mas depois de uma breve
pausa, veio um som baixinho que pouco a pouco se elevou nos ares como uma garça
em pleno voo. Era triste, melancólico, mas ao mesmo tempo gritava por
liberdade, por campos abertos cheios de pequenas flores brilhantes. Elevava-se
e tornava-se forte como o mar revolto batendo nas rochas, lançando a espuma no
ar e depois acalmava, morrendo junto à areia brilhante da praia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os
pés de Pedro, ao inicio ficaram à escuta, mas depois movimentaram-se autónomos,
transportando a criança ao som daquela música que chegava na calada da noite. O
som do violino atingiu o menino, invadiu todos os seus sentidos e chegou
triunfante à sua alma e ele, sem saber, dançou, dançou, dançou até cair exausto
na sua cama após a última nota se apagar na noite. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nessa
noite, sonhou que voava ao som de violinos, seres alados acompanhavam o seu voo
e levavam-no a percorrer vales e montanhas, acompanhou as águias no topo das
montanhas geladas e os flamingos que planavam sobre os estuários cheios de
outras pequenas aves. Mergulhou na água fria dos mares acompanhando o caminho
do salmão que regressava para a desova, com ele subiu o rio e os seus pés
saltavam e mergulhavam nos rápidos do seu caminho até à nascente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">No
dia seguinte, Pedro falou no seu sonho aos pais e disse-lhes que queria ser
dançarino. Os seus pés rejubilaram, mas o seu pai colocou as mãos na cabeça e
pensou “<i>Que falhanço! O meu filho quer transformar a sua vida numa dança</i>.” <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgC7vQBJUgNbL3wLeqJSC4BAOhZtuumqT-ZLmX4lQuCIN7jYqCaYnOLVJFOH_UdGAyiFh9gf_xPrmuudS4a-rDkbBRF4Z6auYr4WdsQnXCborRFFdbCQ-qRotosrRNU2enJDGu2eYjaahP7tJqpd_qbTGX4HDMOclSqYZO6vBf6m0h5D4IgVUX7ZGQeIA=s600" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgC7vQBJUgNbL3wLeqJSC4BAOhZtuumqT-ZLmX4lQuCIN7jYqCaYnOLVJFOH_UdGAyiFh9gf_xPrmuudS4a-rDkbBRF4Z6auYr4WdsQnXCborRFFdbCQ-qRotosrRNU2enJDGu2eYjaahP7tJqpd_qbTGX4HDMOclSqYZO6vBf6m0h5D4IgVUX7ZGQeIA=s320" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><o:p>Obrigada Laboratório de escrita (https://www.laboratoriodeescrita.com/) </o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><o:p><br /></o:p></p>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-194259793943123462022-02-10T04:34:00.006-08:002022-02-11T04:22:49.477-08:00"Noite no caminho de ferro da Via Láctea" de Kenji Miyazawa<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjBxrrj9-dD-MeSo7Gj9LhRzZcJuJplfhhEAgF1bwx8zAlMOw3I8oHzk2BAqOlhhvadVi6iW31EWDwBDe0x6DOvWGWFQ0yMaydA4rQC-6D9Ede5KtZZPLMWSdP_2JYRvUPyRw-RPcXjpXbtHnMRjsmyOWEpN6p_Ogl_whNKFgZ5hpa9pgWIXD7gSAge-Q=s626" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="626" data-original-width="400" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjBxrrj9-dD-MeSo7Gj9LhRzZcJuJplfhhEAgF1bwx8zAlMOw3I8oHzk2BAqOlhhvadVi6iW31EWDwBDe0x6DOvWGWFQ0yMaydA4rQC-6D9Ede5KtZZPLMWSdP_2JYRvUPyRw-RPcXjpXbtHnMRjsmyOWEpN6p_Ogl_whNKFgZ5hpa9pgWIXD7gSAge-Q=s320" width="204" /></a></div><p><i>Sinopse </i></p><div class="right-title" id="productPageSectionAboutBook-sinopseTitle" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: 0px 0px; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 24px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 18pt; margin-bottom: 0.0001pt; vertical-align: baseline;"></p><p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 7.5pt;"></p><p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 7.5pt;"></p><div style="text-align: justify;"><i>O Principezinho japonês. Um dos clássicos mais conhecidos da literatura nipónica, traduzido pela primeira vez e a partir do original!</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>Noite no Caminho-de-Ferro da Via Láctea tem sido comparado frequentemente ao clássico de Saint-Exupéry, e é a obra mais conhecida de Kenji Miyazawa. Traduzido em mais de 50 línguas e publicada postumamente em 1934, esta é uma «história para crianças que deve ser lida por todos os adultos» (New York Review of Books).</i></div> <div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>O jovem Giovanni, cujo pai está ausente numa longa viagem, tem a mãe doente. Assim, Giovanni é obrigado a aceitar pequenos empregos e tarefas, antes e depois do horário escolar, para alimentar a família, desenvolvendo neste contexto uma amizade com outro jovem, Campanella. No final de um dia de muitas atribulações, Giovanni e Campanella dão por si a embarcar num estranho comboio a vapor que surge do céu.</i></div> <div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>Nele viajam pela nossa galáxia conhecendo todo o tipo de pessoas e apercebendo-se deste modo da vastidão e da riqueza do ser humano e da ciência, que o arrancaram da mera sobrevivência para dominarem o universo. Com esta viagem, os dois jovens percebem que há muito mais mundo para lá das suas vidas limitadas.</i></div> <div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><i>Uma viagem de descoberta da humanidade, das maravilhas da natureza e da capacidade de sonhar do ser humano e uma narrativa sobre o modo como a ciência pode transformar os sonhos em realidade.</i></div> <div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>Esta novela de Kenji Miyazawa foi adaptada a diversas séries de televisão e filmes de animação.</i></div> <div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>Neste volume juntamos também a novela A Vida de Gusuko Budori, que é traduzida pela primeira vez numa língua ocidental, tendo também sido já adaptada ao cinema duas vezes e abordando temas semelhantes.</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><p></p><p class="MsoNormal">Este foi o primeiro livro que terminei em 2022. Para quem me
acompanha no Goodreads, perceberá que o comecei a ler em agosto de 2021, no
entanto a demora nada teve a ver com o facto de estar ou não a gostar do mesmo.
Mas sim porque o livro é composto por dois contos: “<i>Noite no Caminho-de-Ferro da Via Láctea</i>” e “<i>A Vida de Gusuko Budori</i>” e, no intervalo de outras leituras li em
agosto o primeiro e só agora, no final do ano/ principio deste, li o segundo. <o:p></o:p></p><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Foi a única obra de Kenji Miyazawa que li, mas fiquei com
vontade de ler muito mais. A escrita deste autor é riquíssima, quer pela
simplicidade das histórias quer pelo conteúdo e informação que o autor nos dá. <o:p></o:p></p><div style="text-align: justify;">
<p class="MsoNormal">Enquanto nos conta a história da viagem do pequeno Giovanni
e do amigo Campanella através da via láctea num comboio a vapor, o autor
fala-nos da uma amizade pura e inocente de duas crianças, de sobrevivência e perseverança.
Paralelamente mostra-nos um universo imenso, cheio de vida, luminoso, uma
quarta dimensão que questiona a própria humanidade. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A segunda história “<i>A Vida de Gusuko Budori</i>” mostra-nos a vida
difícil de quem vivia nas florestas Tohoku, no norte do Japão, na década de
1920. Após uma série de desastres naturais e da morte dos pais, Budori é
forçado a partir. Experiencia diversos empregos onde compreende as dificuldades
dos camponeses que vivem essencialmente do campo e da agricultura. Um acaso
leva-o a juntar-se a um grupo de cientistas que trabalham com desastres
naturais e onde ele procura a solução que permita resolver os problemas dos
agricultores nesta área. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Ambos as histórias, estão repletos de descrições cientificas
das espécies da flora e fauna do Japão, caracterizando-as em notas de rodapé,
enriquecendo o livro com detalhes científicos e figuras de estilo ricas e
cheias de imaginação. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Um livro considerado juvenil, onde nos é apresentado o lado
triste da doença, da morte e da solidão, mas ao mesmo tempo desafia-nos a ver
uma dimensão brilhantemente poética da humanidade, as maravilhas da natureza e convida-nos
a nunca perdermos a capacidade de sonhar. <o:p></o:p></p></div><p class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 7.5pt;"></p><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><p></p></div>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-10581968191858945902022-01-01T07:58:00.002-08:002022-01-01T07:58:44.723-08:002022<p> 2021 foi um ano estranho!</p><p style="text-align: justify;"><span>U<span>m mundo inteiro em reboliço à conta de uma pandemia que atingiu o ser humano em finais de 2019 / início de 2020 e que se esperava que tivesse o seu fim durante o decorrer deste ano. Foi a corrida à vacinação, às alternativas laborais, à procura de novos rumos de vida e a tantas outras coisas que cada um poderá relatar e constatar. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span><span>O certo é que começando 2022, os números de novos casos continuam a subir, embora com menos gravidade que no ano anterior, segundo os especialistas, devido ao grande numero de pessoas vacinadas e à menor gravidade da nova variante. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span>Nesta altura alguns de vocês poderão já comentar: "<i>mais uma que só fala deste maldito "bicho</i>"". </span></p><p style="text-align: justify;"><span>Mas não é sobre isso que vos quero falar, esta foi apenas uma breve introdução para pensar alto no novo ano que hoje começa. </span></p><p style="text-align: justify;"><span>Um ano em que, contrariamente aos anteriores, tenho várias expectativas que espero vir a concretizar. Coisas simples, mas que por vezes a preguiça aliada ao "deixa andar" impedem que se façam pequenas maravilhas pessoais, que nos coloquem sorrisos no rosto e que nos encham o ego (no bom sentido) de orgulho pela tarefa </span>concluída. </p><p style="text-align: justify;">Quero escrever mais e muito mais este ano e dar-vos conta do que vou fazendo. Quero ler muito mais e divulgar-vos a minha opinião sobre o que leio. </p><p style="text-align: justify;">Mas, sobretudo, gostaria de chegar ao final de 2022 com um sorriso de orelha a orelha, com mais seguidores neste espaço e que todos contribuam para que o mesmo se concretize num momento agradável durante uma pequena pausa ao longo do dia, ou da noite. </p><p style="text-align: justify;">Desejo-vos um Ano cheio de tudo o que mais desejarem. </p><p style="text-align: justify;">Hermann Hesse referiu um dia:</p><i><div style="text-align: justify;"><i>"(…) Existem, para cada falante, as palavras que lhe são favoritas e as que são estranhas, as preferidas e as evitadas, as quotidianas, mil vezes utilizadas sem nelas recearmos um desgaste, e outras, festivas, que por muito que lhes tenhamos amor, apenas empregamos com grande ponderação e parcimónia, dizêmo-las e escrevêmo-las com a raridade e criteriosa selecção apropriadas ao seu carácter festivo. Entre estas conta-se, para mim, a palavra 'felicidade'.(…)"</i></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><i>"Quando as pessoas mais velhas tentam recordar-se da altura das suas vidas, da frequência e da intensidade com que sentiram felicidade, procuram sobretudo a infância, e com razão, pois para uma vivência plena de felicidade é necessário antes de mais estar livre dos constrangimentos do tempo, e bem assim, dos impostos pelo temor e pela esperança, e esta é a capacidade que a maioria das pessoas vai perdendo com a passagem dos anos."</i></div></i><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">(excerto do livro "Da felicidade" de Hermann Hesse)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por favor, não deixem que o passar dos anos vos apague esta capacidade de ver as coisas belas que vos rodeiam e com elas possam ser felizes.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Até breve</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi95AdOrw9BR8B6e9NtyDeaseMjyoPPpuPcr8yUVIRN_KaFeIaLA5h5RcaJjGTuuL8btG_MwbNHz37cj9FOuCpNoCd_tykb1WfiXlWETsHUf8dAjeIAuzYmImgparIg3FcpADefGHRoyPS7X1i37VG63kXjkzR7b1ouT-dUbtPmoub7GZN8DB67aWHXOA=s564" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="389" data-original-width="564" height="307" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi95AdOrw9BR8B6e9NtyDeaseMjyoPPpuPcr8yUVIRN_KaFeIaLA5h5RcaJjGTuuL8btG_MwbNHz37cj9FOuCpNoCd_tykb1WfiXlWETsHUf8dAjeIAuzYmImgparIg3FcpADefGHRoyPS7X1i37VG63kXjkzR7b1ouT-dUbtPmoub7GZN8DB67aWHXOA=w445-h307" width="445" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">ilustração de Amanda Cass</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-80701625913139557752021-12-13T01:54:00.001-08:002021-12-13T01:56:21.365-08:00Um exercício de escrita com aromas do oriente<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Eu nem queria acreditar. Nessa manhã algo deve ter espantado
o galo da vizinha, pois nem o seu cantar me acordou como habitualmente. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Levantei-me, meio destrambelhado, já o sol ia bem alto no
firmamento quando rapidamente tentei, em vão, recuperar o tempo perdido. Ainda
sentia o efeito de ter dormido demais e sonhado muito, quando coloquei os pés
fora de casa e me desloquei até ao trabalho. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O dia escoou-se no tempo que lhe é habitual, lento e quente
nesse dia. Mas após umas boas horas estava de regresso a casa, feliz pelos
momentos que me esperavam no conforto da casa, junto da minha família. Os
finais do dia eram simpáticos e acolhedores. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O sol ainda lançava os seus raios sobre o meu para-brisas
quando o carro da frente parou repentinamente. Coloquei o pé no travão, no
seguimento de um reflexo bem oleado e perguntei-me porque raio parava ele assim
no meio da rua. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Foi quando as vi. Eram chamuças enormes, esses pasteis
indianos com imensas especiarias recheados de carne, legumes ou mesmo de
camarão, bem saborosos por sinal. Passeavam-se pelas ruas, de lá para cá e de
cá para lá, bamboleando-se como se estivessem numa passerelle, vaidosas e
inchadas, as pessoas trincavam-nas ali mesmo, à frente de qualquer transeunte e
elas soltavam imensas gargalhadas como se lhes estivessem a fazer cocegas. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Devia estar a alucinar, nem queria acreditar no que estava a
acontecer. Mas era real, uma delas aproximou-se da minha janela e senti de
imediato o cheiro a cravinho, gengibre, noz moscada e talvez mesmo coentros.
Esfregou-se de encontro ao meu braço e murmurou “ dá-me uma trinca, sou bem
saborosa”, afastando-se em seguida. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O carro da frente avançou, uma vez que a procissão das
chamuças ia passando para trás de nós e eu rapidamente me pus a caminho. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Cheguei a casa e nesse momento lembrei-me que tinha
combinado chegar cedo pois iriamos ter uns amigos para jantar connosco. Lena, a
minha mulher estava atarefadíssima e ao ver-me o seu rosto ficou vermelhíssimo
de tão irritada que ficou. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Andaste no petisco com os teus colegas, tresandas a
especiarias e esqueceste-te do jantar com o Luis e a Marcela? Ao menos podias
ter trazido as chamuças de camarão que te pedi! <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ah, mais chamuças… mas estava a ser perseguido por elas! A
minha cara devia ter mostrado o espanto e horror que ia dentro de mim, porque a
minha mulher pegou no seu saco do tricot e atirou um novelo de lã na minha
direção.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Ui! – exclamei – Nem acredito que me chicoteaste com um
fio de lã.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nesse momento, o galo da vizinha entoou o seu canto
madrugador. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhJOGr5qHG9sHqcJ0Hp7j-gobeaZ4tRV9FqF3K5hE64ilymBPIPNDQgTZ4hrWuWMDpjSU0ce9JSRN23PqJ41qs4LLHN64sflWAlsyRhcCI14CpWmN8YAbJjC64s9tnkKJyWMEFVMHX3MRJefjFBEI1Med55hIN2uacR3uD8k5fAxPNnnFdFuFNP0km3Uw=s1280" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1280" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhJOGr5qHG9sHqcJ0Hp7j-gobeaZ4tRV9FqF3K5hE64ilymBPIPNDQgTZ4hrWuWMDpjSU0ce9JSRN23PqJ41qs4LLHN64sflWAlsyRhcCI14CpWmN8YAbJjC64s9tnkKJyWMEFVMHX3MRJefjFBEI1Med55hIN2uacR3uD8k5fAxPNnnFdFuFNP0km3Uw=w269-h269" width="269" /></a></div><br /><p class="MsoNormal">publicado no https://www.laboratoriodeescrita.com/conta-me-historias</p><p class="MsoNormal">Obrigada Lara Barradas </p><p class="MsoNormal"><br /></p>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-65882197899560641152021-11-24T04:33:00.001-08:002021-11-24T04:33:13.551-08:00O Mistério da Estrada de Sintra de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão <div class="MsoNormal">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ9fJwHQg0Saq9e1Cfl5H7ZJbnT3T81Oww56e2sAgxkpQhFcm7M36AaB-RfyEVvO_JiPY493ABYKLzNooi7ZMhSZyfAXQNhDSE61NB8Hw_aH1PfAuHh_lK0M-DUwz5zq9TuvDKtBZSyp4n/s1600/500x.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="772" data-original-width="500" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ9fJwHQg0Saq9e1Cfl5H7ZJbnT3T81Oww56e2sAgxkpQhFcm7M36AaB-RfyEVvO_JiPY493ABYKLzNooi7ZMhSZyfAXQNhDSE61NB8Hw_aH1PfAuHh_lK0M-DUwz5zq9TuvDKtBZSyp4n/s320/500x.jpg" width="207" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">
SINOPSE</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;"><i>
Naquele que é justamente considerado o primeiro romance policial português, conta-se a história de um médico que regressa de Sintra acompanhado por um amigo. A meio do caminho, ambos são raptados por um grupo de mascarados, que os levam para um prédio isolado onde aparecera um homem morto. A partir daí, os acontecimentos sucedem-se em catadupa. Quem é o morto e quem o matou? E porquê? Quem era a mulher com quem ele se encontrava, e quem são os mascarados que pretendem proteger a sua honra? A história foi publicada no Diário de Notícias entre Julho e Setembro de 1870 sob a forma de cartas anónimas, e foram muitos os que se assustaram com os acontecimentos narrados. Só no final é que Eça de Queirós e Ramalho Ortigão admitiram tratar-se de uma brincadeira e que eram eles os autores das cartas.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;"><i>
O Mistério da Estrada de Sintra foi publicado em forma de livro nesse mesmo ano. Em 1885, houve uma segunda edição revista por Eça de Queirós, que é a utilizada na presente edição.</i></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Maio de 2020 foi o tempo de reler Eça de Queirós. Há muito tempo que não pegava num livre deste autor e escolhi aquele que já há algum tempo despertava a minha curiosidade. Confesso que gostei muito. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O livro retrata a história de um crime, muito bem desenvolvida através das missivas anónimas que são enviadas ao jornal Diário da Noticias, por volta de 1870. Estas vão sendo publicadas e com elas as respostas às questões que envolvem o já citado crime. com estas publicações a história vai-se desenvolvendo e cativando os leitores. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A história começa com o rapto de um médico e um escritor, que regressavam a Lisboa, já de noite, pela antiga Estrada de Sintra (hoje corresponde à estrada de Benfica que antigamente ligava a vila à capital). Quatro homens encapuçados, levam- nos para uma casa isolada onde se encontra um cadáver de um oficial britânico, com o objetivo de que confirmassem a sua morte. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eça de Queirós e Ramalho Ortigão embarcaram na aventura deste livro, movidos por uma vontade de abanar Lisboa com uma historia rocambolesca que retrate a sociedade da época, as intrigas e mexericos da aristocracia que vivia em Lisboa e se passeava por Cintra. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Muito bem escrita e com algum sentido de humor que Eça tão bem consegue transmitir, foi um ponto de partida para descobrir muito mais sobre este autor, que andava fugido da minha estante. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-49524028690142068632021-11-05T08:15:00.000-07:002021-11-05T08:15:34.409-07:00Gui<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqniMwFYXKjdznEjElQmSI1Q2RDqhn5sQ2tBjaYYvC3qcBOKNmrXuHfF01RvY0X0-MteMytgemEYKAOcysCFDZOTt2FjwGDrw7lAp526-l5rIHLILTA5tKGUtEqktSNhLOhTZgw2KPilDA/s800/Gui.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqniMwFYXKjdznEjElQmSI1Q2RDqhn5sQ2tBjaYYvC3qcBOKNmrXuHfF01RvY0X0-MteMytgemEYKAOcysCFDZOTt2FjwGDrw7lAp526-l5rIHLILTA5tKGUtEqktSNhLOhTZgw2KPilDA/s320/Gui.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Gui era apenas um menino que corria pelos campos. O mundo
queria que ele fosse muito mais, mas ele era somente um menino. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim que o sol despertava e se erguia preguiçoso no
horizonte, Gui acordava, saltava do seu colchão, pegava num bocado de pão duro e
saía, correndo e comendo pelas ruas á procura do dia que chegava.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No verão, não havia escola, por isso ficava sozinho a
vaguear pelas ruas da cidade ou arriscava uma aventura pelos campos que a envolviam.
Roubava uma fruta aqui ou ali que mordiscava com verdadeiro deleite. O seu dia
escoava entre o alcatrão, os telhados das velhas casas senhoriais e os campos
abandonados, onde à sombra das árvores, construía o seu reino e comandava os
seus soldados, na defesa da cidade. Á tardinha, o Sr. Joaquim do café Central,
dava-lhe uma caixa com dois ou três bolos que já não ia vender e ele levava
para casa com mil cuidados.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tinha vontade de os comer, mas guardava a vontade no bolso
de trás das calças e esperava pacientemente pela mãe, para dividir com ela o
seu tesouro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Após a refeição que a mãe preparava com muito carinho,
sentavam-se no velho sofá da sala e dividiam a oferta do Sr. Joaquim e esse era
o melhor momento do dia. Contavam um ao outro as peripécias, entre mordidelas
num pastel de nata ou numa bola de Berlim e riam-se das caras enfarinhadas de
uns biscoitos de limão ou canela.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os dias passavam rápidos no Verão, Gui apenas enfiava uma
camisola de alças e uns calções e assim andava pelas ruas, sem se preocupar com
horários a cumprir, deveres a fazer ou o frio a entrar pelas solas esburacadas
das suas botas de inverno.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os dias eram sempre iguais, mas a liberdade é um sonho que
poucos têm e Gui aprendera que era o seu bem mais precioso.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mas um dia algo mudou. Nas suas deambulações solitárias, Gui
encontrou um objecto comprido que de imediato não soube para que servia. Mais
tarde a mãe explicou-lhe que era uma flauta e que através dela se poderiam tocar
melodias tão fantásticas, que trariam até ele os sonhos mais belos que poderia
imaginar. Lembrando-se das aulas de música da escola, tentou ensinar-lhe como
colocar os dedos e os sons que se poderiam soltar daquele singelo instrumento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Gui estava encantado. Não entendia nada de música, mas algo
tocou o seu coração naquele momento. Um sentimento que ele não compreendia
assaltou-o de repente perante aquele som melodioso. Nos dias seguintes ele foi
treinando, aperfeiçoando o som que saía por vezes esganiçado, mas que a pouco e
pouco ia dando lugar a uma melodia suave e muito bela.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Todos os dias, ele sentava-se nas escadas do prédio onde morava
e tocava. Miró, o gatito companheiro no passeio pelos telhados, deixava-se
ficar por ali como um espectador atento ao desenrolar deste novo entretém do
seu amigo. Ele nem entedia muito bem porque Gui estava tão sossegado e não
aproveitava para dar uma voltinha pelos telhados e pelos campos, mas o que era
certo é que algo se passava ali de diferente. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O menino não sabia tocar, mas o seu coração sabia e desta
forma compunha, sem o saber, uma das mais belas músicas que se ouvira até
então. A cada nota que se soltava, um pedacinho de magia libertava-se no ar e a
verdadeira aventura começava. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O seu coração de criança, inocente e feliz, criava um mundo
onde ele se refugiava. Pequenos seres surgiam deslizando pelo som de cada nota.
Eram duendes travessos, elfos sorridentes, pequenos póneis alados que se
elevavam pelos céus, princesas e guerreiros e trolls enormes que tudo queriam
destruir. Mas a música soava forte e surgia um dragão que voando pela rua
queimava, com o seu bafo de fogo, tais criaturas maldosas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Depois tudo terminava, e estes seres
recolhiam-se de novo na pequena flauta, esperando por um novo momento para se
soltarem e encherem a rua com as suas aventuras.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Miró assistia a tudo com um sorriso muito próprio, como só
os gatos conseguem ter.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-17675129938926181952021-02-13T14:50:00.005-08:002021-02-13T15:01:50.451-08:00"Outrora e Outros Tempos" de Olga Tokarczuk<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNSZ70kdYURHhB9DaCUXNkqzoN8Gp7MzVKNkp_OAFpMcLwA9LelxvcdrMApCLNg20R4CLxl1yI0FB9oQWkU8-qrnnCB5ivuM3LwwH8fMyTHd7pbF7GkiZHveAFsywKcyR23yCnVVe0mLbR/s370/outrora.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="370" data-original-width="250" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNSZ70kdYURHhB9DaCUXNkqzoN8Gp7MzVKNkp_OAFpMcLwA9LelxvcdrMApCLNg20R4CLxl1yI0FB9oQWkU8-qrnnCB5ivuM3LwwH8fMyTHd7pbF7GkiZHveAFsywKcyR23yCnVVe0mLbR/s320/outrora.jpg" /></a></div><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #262626; font-size: small;"><br /></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><i style="text-align: justify;"><span>SINOPSE</span></i></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span>Outrora
é uma aldeia polaca situada no centro do mundo e protegida por
quatro arcanjos. Esta mítica aldeia, onde a relva sangra, a roupa
tem memória e os animais falam por imagens, é povoada por
personagens excêntricas e inesquecíveis - humanas, animais,
vegetais, minerais - cujas existências obedecem aos ciclos das
estações e à inexorável passagem do seu Tempo, mas também aos
acontecimentos externos.</span></i></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span>Durante três gerações, este
microcosmo instável e arrebatador assiste ao eclodir de uma Grande
Guerra, à Crise, a uma nova e Segunda Grande Guerra, à Ocupação
Nazi, à invasão Russa, e ao choque entre a modernidade e a
natureza, espelhando a dramática história da Polónia do século
XX.</span></i></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span>Primeiro grande sucesso de Olga Tokarczuk, vencedor
do prestigiado Prémio da Fundação Koscielski, Outrora e
Outros Tempos é um romance histórico, filosófico, mitológico
e, no dizer da crítica, «um clássico da literatura europeia
contemporânea».</span></i></p><div dir="ltr" id="productPageSectionAboutBook-sinopse"><p style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: 0.47cm; margin-bottom: 0.21cm; orphans: 2; widows: 2;"></p><div style="text-align: justify;"><i><span>A autora sempre quis escrever um livro
como este: «A história de um mundo que, como todas as coisas
vivas, nasce, cresce e depois morre… Cozinhas, quartos, memórias
de infância, sonhos e insónia, reminiscências e amnésia fazem
parte dos seus espaços existenciais e acústicos, compondo as
diferentes vozes da sua história.»</span></i></div><p></p>
</div>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">“<span face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: 10pt;">Outrora
e Outros Tempos” foi o primeiro livro (e único até à data) que
li desta autora polaca, vencedora do Prémio Nobel de Literatura de
2018. Mas posso-vos referir, desde já que vou querer ler muito mais
da sua obra, pois este livro é simplesmente fantástico. </span></span>
</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: 10pt;">A
sua escrita simples, meio poética transporta-nos para uma pequena
aldeia algures no meio da Polónia, onde se desenrola toda a
história, cuja personagem principal é o Tempo. </span></span>
</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: 10pt;">Toda
a obra circula através do Tempo, seja este momentâneo ou muito mais
abrangente. É o Tempo de nascer, de crescer, de amadurecer, de
envelhecer e de morrer. </span></span>
</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: 10pt;">São
apresentadas três gerações através da personagem de Misía,
desde que foi concebida, até à sua morte e paralelamente de todos os
habitantes de Outrora e outras aldeias adjacentes que viveram na
mesma época. O pai que partiu para a Grande Guerra (I Guerra
Mundial) e voltou, a crise económica que se segui, a Segunda Grande
Guerra com a invasão Nazi e posteriormente a ocupação russa e os
tempos modernos com todas as suas alterações à vida desta pacata
aldeia, à volta da qual tudo acontece.</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: 10pt;">No
entanto Olga Tokarczuk vai mais longe, para ela também é o Tempo
da vida dos rios que surgem como seres orgânicos integrantes da vida
de Outrora, da floresta, das plantas e animais. Todos tem o seu tempo
próprio de vida e de morte, até o moinho de café… </span></span>
</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: 10pt;">É um livro que nos leva a pensar na vida, naquilo que passamos ao
longo de toda a nossa existência, as etapas que tempos de
ultrapassar e seguir em frente, que nos leva a olhar a natureza como
algo vivo e pulsante e ver a magia em todas as coisas simples que nos
rodeia. </span></span>
</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: 10pt;">Filosofia,
mitologia e muita prosa poética num livro que poderá ser para
muitos um livro triste, mas que traz ao mesmo tempo uma esperança de
que algo melhor poderá surgir depois da tempestade. </span></span>
</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: 10pt;">Para ler com muita calma e com o tempo devido. </span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13.3333px;">Deixo-vos uma passagem do livro:</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13.3333px;"><i>"Se olharmos atentamente para os objetos de olhos fechados para não nos deixarmos levar pelas aparências que as coisas espalham à sua volta , se nos dermos ao luxo de sentir alguma desconfiança, poderemos talvez ver, por um instante, a sua verdadeira face. </i></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13.3333px;"><i>As coisas são seres mergulhados numa outra realidade, onde não há nem tempo nem movimento. Nós vemos apenas a sua superfície, enquanto o resto, mergulhado algures, determina o sentido e o significado de todo e qualquer objecto material. Por exemplo um moinho de café.</i></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13.3333px;"><i>Um moinho de café é um pedaço de matéria onde foi insuflada a ideia de moer.</i></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13.3333px;"><i>Os moinhos de café moem e, por isso, existem. Mas ninguém sabe qual é o significado de um moinho de café. Aliás, ninguém sabe qual é o significado do que quer que seja. Talvez o moinho de café seja um fragmento de uma lei de mudança total e fundamental, de uma lei sem a qual este mundo não poderia sobreviver ou, então, seria completamente diferente. Talvez os moinhos de café sejam o eixo da realidade, em torno do qual tudo gira e evolui, talvez sejam mais importantes para o mundo do que as pessoas. Quem sabe se aquele moinho de café da Misia, único, não era o pilar da aldeia chamada Outrora ?"</i></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13.3333px;"><i><br /></i></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13.3333px;"><i><br /></i></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13.3333px;"><i><br /></i></span></p>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-38654210753182934402021-01-18T11:44:00.005-08:002021-01-18T13:59:35.570-08:00Leituras e releituras de 2020 - um ano de descobertas e de matar saudades <p style="text-align: justify;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2EhC50nRVhOSGiwSlyatMJP47iN8-jyCzCVUJxCiO5_1Y59UGi9lCeyMAizazDCJOklv9Ux5lykpwe6lrvA8oHp5i9hlYP0D3qHp8VcXT9QtSQtgEf7sfXmGz8iwKekbLZoF8A-ZmUfoz/s1280/livros.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2EhC50nRVhOSGiwSlyatMJP47iN8-jyCzCVUJxCiO5_1Y59UGi9lCeyMAizazDCJOklv9Ux5lykpwe6lrvA8oHp5i9hlYP0D3qHp8VcXT9QtSQtgEf7sfXmGz8iwKekbLZoF8A-ZmUfoz/s320/livros.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p style="text-align: justify;">2020 foi um ano um pouco diferente no que respeita às minhas leituras. Muitos dirão que foi um ano completamente diferente em todas as situações, sem dúvida que o foi. </p><p style="text-align: justify;">Fomos invadidos por um vírus à escala planetária, qual invasão alienígena vinda de outro planeta em invisíveis naves espaciais . Alojou-se nos quatros canos do mundo e proliferou com uma rapidez que deixou o nosso planeta perplexo e devassado. Mudaram-se hábitos e rotinas e nada foi igual. </p><p style="text-align: justify;">Mas sem divagar, porque livros e leituras e outras folhas interessantes são o tema deste blogue, vamos ao que interessa: fazer uma retrospectiva de 2020 no que toca às minhas leituras, uma vez que a minha preguiça, em comentar cada livro, tem sido grande (vamos ver se consigo reverter esta tendência durante este ano). </p><p style="text-align: justify;">Como já referi foi um ano diferente relativamente às minhas escolhas. Li e reli alguns livros na sequência de um projeto que estou a desenvolver em parceria com amigos fantásticos e que poderão acompanhar em https://www.instagram.com/migalhas_de_letras/</p><p style="text-align: justify;">Posso então começar por falar nas releituras que fiz ao <i>longo do ano: "Chocolate" e "Sapatos de Rebuçado" da Joanne Harris; "</i>O meu pé de laranja lima" de José Mauro de Vasconcelos; "<i>Amor e Dedinhos de pé</i>" de Henrique Senna Fernandes e "<i>A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça e outros conto</i>s" de Washington Irving. </p><p style="text-align: justify;">Foram livros agradáveis de serem relidos, agora com um objetivo especifico e por essa razão o foco incidiu sobretudo na procura de elementos que pudessem enriquecer o projeto que já mencionei. </p><p style="text-align: justify;">Há procura de algo doce, foi também a razão que me levou a pegar em 3 livros juvenis da autora Alice Vieira "<i>Rosa, minha irmã Rosa</i>", "<i>Lote 12, 2º Frente</i>" e "<i>Chocolate à Chuva</i>". São livros agradáveis, destinados a um publico muito próprio que relatam um período de tempo da vida de Mariana. as suas atribulações com o nascimento da irmã mais nova, a morte da Avó, o inicio do 2º ciclo da escola, uma fase "terrivelmente" importante e a mudança de casa, a identidade do lugar e a sua ligação com a população. </p><p style="text-align: justify;">"<i>Emm</i>a" de Jane Austen levou-me de novo ao mundo de Inglaterra do século XIX. Confesso que não sou uma fã da escritora, muito embora lhe reconheça o valor na caracterização da sociedade rural inglesa da época esmiuçando as suas vidas, desenvolvendo intrigas e romances, tendo sempre presente um certo humor e ironia nos diálogos dinâmicos que caracterizam a sua obra. </p><p style="text-align: justify;">Também pela mesma razão redescobri Eça de Queirós, um autor há muito sossegado na minha estante, mas que saiu de lá em grande força com "<i>A cidade e as serras</i>" e o "<i>Mistério da Estrada de Sintra</i>", este último escrito em parceria com Ramalho Ortigão. Dois livros muito diferentes mas dos quais gostei bastante. </p><p style="text-align: justify;">O primeiro conta a vida de Jacinto, pelo seu amigo José Fernandes, em Paris, cidade que na época era considerada como o expoente máximo da civilização e modernidade. no entanto a pouco e pouco, vamos conhecendo o ridículo e pretensiosismo que se encontra por debaixo da capa da superioridade dos parisienses. Jacinto acaba por se entediar da vida que leva e encontra-se psicologicamente devastado, quando surge a necessidade de efectuar uma reparação na igreja da sua propriedade em terras lusas, mais propriamente em Tornes, Jacinto viaja para Portugal e após uma série de peripécias, descobre o encanto das terras portuguesas. Um livro muito bem escrito, com muito humor e uma caracterização muito boa da sociedade da época. </p><p style="text-align: justify;">O "<i>Mistério da Estrada de Sintra</i>" é um pequeno livro policial, escrito a duas mãos, onde, através do envio de cartas anonimas a um jornal diário, se denuncia um crime. Por resposta a estas cartas, vamos assistindo ao desenrolar de todo o acontecimento em que se veem envolvidos os dois amigos que passavam, por acaso, na Estrada de Sintra num belo fim de tarde. </p><p style="text-align: justify;">Ao nível da escrita nacional, li ainda um pequeno livro de contos (dez) de Manuel Alegre "<i>O Homem do País Azul</i>", publicada em 1989. Um livro que se lê rapidamente e que nos oferece um conjunto de histórias ficcionais, mas em que podemos encontrar alguns laivos concordantes com as atribulações politicas e revolucionárias dos anos sessenta. O autor apresenta uma prosa em que se mistura uma realidade, talvez autobiográfica, com o enigma e por vezes com o fantástico. Muito bem escrito, que mostra claramente a veia poética de Manuel Alegre. </p><p style="text-align: justify;">Há aqueles escritores que gostamos sempre de tornar a ler um livro da sua autoria e este ano não foi exceção. </p><p style="text-align: justify;">"<i>As mulheres do meu pai</i>" de José Eduardo Agualusa (que já comentei anteriormente no blogue) foi uma simpática viagem pelo mundo africano, uma obra que não me conquistou inteiramente, mas que se lê bem, pelo estilo a que o autor nos habitua, um final surpreendente e um excelente trabalho ao nível das personagens. </p><p style="text-align: justify;">"<i>Goa ou o Guardião da Auror</i>a" de Richard Zimler, começou por ser uma leitura onde pretendia pesquisar sabores gastronómicos cheios de cores e cheiros inebriantes que a India sabe bem proporcionar. Esta pesquisa saiu um pouco defraudada, mas a leitura foi muito boa. Mais uma vez o Universo da família Zarco, de raízes luso-judaicas, encontra-se presente na colónia portuguesa de Goa, no final do século XVI. A perseguição que a Inquisição fazia na época tentando acabar com todas as crenças tradicionais, quer de nativos hindus, quer de emigrantes judeus. Gostei bastante, como já é habitual nos livros de Richard Zimler.</p><p style="text-align: justify;">Algumas leituras simples que não se podem dizer que são extraordinárias mas que conseguiram ter o seu papel de entretenimento. </p><p style="text-align: justify;">"<i>As meninas dos Chocolate</i>" e "<i>As novas meninas dos chocolate</i>" de Annie Murray falam-nos da vida de três amigas (trabalhadoras na famosa fábrica Cadbury em Inglaterra). A sua vida podia ser simples e sem nada de relevante, no entanto a eclosão da Segunda Guerra Mundial vai transformar as suas vidas. </p><p style="text-align: justify;">"<i>O Tecedor de Sonhos</i>" de Trudi Canavan foi outra das leituras, logo no inicio do ano, que se revelou simpática e simples. É o segundo volume da "Idade dos Cinco" um livro de fantasia, onde os deuses e os povos entram em conflito e Auraya, a protagonista, tenta a sua conciliação. gostei da figura de tecedor de sonhos e das suas vantagens enquanto curandeiros. </p><p style="text-align: justify;">2020 foi igualmente um ano em voltei a participar em leituras conjuntas. Com dois bons amigos leitores, efetuei três leituras, no ultimo semestre do ano.</p><p style="text-align: justify;">José Luís Peixoto, um escritor que andava com vontade de ler, foi o mote inicial para estas leituras conjuntas, com "<i>Uma casa na escuridão</i>" . Não terá sido o melhor livro do autor para começar, pois trata-se de um livro bastante pesado, negro, que apresenta, sob a forma metafórica, uma ideia sobre o fim do mundo. Quando pensamos que nada pior poderá acontecer aos protagonistas, pois isso acontecerá mesmo. O que gostei mais foi mesmo a escrita, uma prosa extremamente poética que nos cativa e que nos leva a querer ler o livro do principio ao fim. Vou querer ler mais deste autor, sem dúvida. </p><p style="text-align: justify;">"<i>Pessoas Normais"</i> de Sally Rooney foi o segundo livro de leitura conjunta. Trata-se da história de dois jovens que se conhecem na escola. De personalidades bastantes distintas, ele mais extrovertido e ela mais introvertida acabam por se relacionar para além da amizade. O livro apresenta-nos o período de tempo entre a secundária e o pós universidade, os seus relacionamentos e os altos e baixos das suas vidas. Confesso que foi um livro que não me prendeu, não gostei do tema e acabei por o ler, sem que o seu desenvolvimento ou o final me cativasse. único aspecto positivo, do meu ponto de vista é claro, foi a escrita simples mas muito bem elaborada da autora. </p><p style="text-align: justify;">A terceira escolha da leitura conjunta recaiu em "<i>Middlemarch</i>" de George Eliot. Uma obra fantástica, que adorei ler em conjunto. É considerado o mais importante romance da época vitoriana. A autora de nome Mary Ann Evan Cross, adoptou o pseudónimo de Geoge Eliot, porque seria mais fugir aos romances estereotipados como romances leves que as mulheres podiam escrever na época. Neste livro a escritora aborda um conjuntos de temas da vida rural inglesa na época, desde a arte, religião e politica, ao mesmo tempo que desenvolve magistralmente as personagens, o seu envolvimento na sociedade e as relações humanas. Um narrador presente que participa activamente no desenvolvimento do livro e que comenta e opina sobre os acontecimentos, enquadrando-os na época e nos desenvolvimentos socio/políticos. Leitura fantástica. </p><p style="text-align: justify;">Do escritor Neil Gaiman li "<i>Neverwhere - Na Terra do Nada</i>" que nos leva a uma Londres dividida em Londres-de-cima, munda da luz, e Londres-de-baixo, mundo das trevas. Após um acontecimento imprevisto, o protagonista acaba por ir parar a Londres-de-baixo e a "não existir" no seu mundo. Um livro muito característico deste autor que com a coexistência destes dois mundos cria um ambiente fantástico. Gostei bastante da leitura. </p><p style="text-align: justify;">Um livro emprestado por uma amiga, há muito prometido, deliciou-me e deixou-me uma certa nostalgia, "<i>Chuva e outras novelas</i>" Somerset Maugham, um livro de pequenas histórias muito ao jeito do autor , onde este explora as personagens, a sua vertente psicológica, os sentimentos dando-lhe um realismo e uma profundidade extraordinária. Adoro a sua escrita, o seu estilo inglês muito próprio, a forma como descreve os cenários, a vivência, os sentimentos, as personagens que ganham vida própria e se apresentam como o comum dos mortais da sua época. Muito bom.</p><p style="text-align: justify;">"<i>Memórias de um gato viajante</i>" de Hiro Arikawa foi um livro que não resisti a comprá-lo assim que o vi. <span style="text-align: justify;">A narrativa desenvolve-se através de dois narradores, um na terceira pessoa que vai contando os acontecimentos e o desenvolvimento da viagem e e o outro na primeira pessoa, ou seja do ponto de vista do gato, onde este comenta sobre o relacionamento humano-gato. Um gato bastante observador e humorista, o que torna a narrativa divertida. ao inicio a escrita parece um pouco desmotivante, mas ao longo do livro vai ganhando força através das emoções e do desenvolvimento da relação do protagonista com o seu gato. Um livro bastante emotivo que nos leva a pensar sobre o valor humano e sobre o que estes felinos pensam e sentem em </span><span style="text-align: justify;">relação à alma humana, ao valor da amizade dono-gato.</span></p><p style="text-align: justify;">Por último e não menos importante, antes pelo contrário, 2020 deu-me a conhecer uma personagem verdadeiramente fantástica. Ela chegou pela mão de Lucy Maud Montgomery, no seu livro "<i>Anne dos cabelos ruivos"</i>. A história fala-nos de uma criança órfã que
foi adotada por dois irmãos solteiros, de meia idade, Matthew e
Marilla Cuthbert, que viviam numa quinta na Ilha do Principe Eduardo
no Canadá. Tagarela, esperta, dramática e sobretudo muito imaginativa, Anne com os seus cabelos ruivos, vai alterar por completo a vida daqueles com quem vive e de toda a comunidade. Várias peripécias engraçadas levam-nos a devorar o livro, criando
uma amizade com esta personagem que perdurará para toda a vida. Verdadeiramente fantástico. </p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-61980800903859232992020-05-12T13:47:00.000-07:002020-05-12T13:56:39.347-07:00As Mulheres do meu Pai de José Eduardo Agualusa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj866WDyMAMzfqyMjsxH7S7ECgDYtj8D2Na64JMJpKX2UNFmrRUNvB3426DuztYSU7Z-wkvdYe7mXEt5KBjbVB2edKMOyfi-KFNHppm4bhKxxWmeexLpeb1Q3PzsiXrKn7KuiNd1XAWNSQM/s1600/as+mulheres+do+meu+pai.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="332" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj866WDyMAMzfqyMjsxH7S7ECgDYtj8D2Na64JMJpKX2UNFmrRUNvB3426DuztYSU7Z-wkvdYe7mXEt5KBjbVB2edKMOyfi-KFNHppm4bhKxxWmeexLpeb1Q3PzsiXrKn7KuiNd1XAWNSQM/s320/as+mulheres+do+meu+pai.jpg" width="212" /></a></div>
<i style="text-align: justify;"><i>Sinopse </i></i><i></i><br />
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<i><i>Faustino Manso, famoso compositor angolano, deixou ao morrer sete viúvas e dezoito filhos. A filha mais nova, Laurentina, realizadora de cinema tenta reconstruir a atribulada vida do falecido músico. </i></i></div>
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<i>Em As Mulheres do Meu Pai, realidade e ficção correm lado a lado, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a ficção participa da realidade. As quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe. Cruzam as areias da Namíbia e as suas povoações-fantasma, alcançando finalmente Cape Town, na África do Sul. </i></div>
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<i>Continuam depois, rumo a Maputo, e de Maputo a Quelimane, junto ao rio dos Bons Sinais, e dali até à ilha de Moçambique. Percorrem, nesta deriva, paisagens que fazem fronteira com o sonho, e das quais emergem, aqui e ali, as mais estranhas personagens. </i></div>
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<i>As Mulheres do Meu Pai é um romance sobre mulheres, música e magia. Nestas páginas anuncia-se o renascimento de África, continente afectado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos. </i></div>
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Estava com bastante curiosidade em ler este livro de José Eduardo Agualusa, porque me tinham dado boas referências sobre ele e porque percebi que se tratava, de certa forma, de um livro de viagens pelo continente africano. </div>
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Não posso dizer que o livro superou as minhas expectativas, antes pelo contrário. Ou eram demasiado altas ou faltou mais qualquer coisa para que ficasse com aquela sensação de ter lido um livro que me deixou encantada. </div>
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África diz-me muito, porque já andei por lá, mais precisamente por Moçambique. Não sou natural desse país fantástico, mas vivi lá cinco anos (de 1972 a 1977) que me deixaram marcados na alma toda a imensidão das paisagens, dos sons, dos cheiros, da vida e das cores de África. </div>
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Mas voltando ao livro de Agualusa, este conta-nos a história de Faustino Manso, um musico angolano que viaja pelo continente africano, levando a sua música e amando mulheres em cada cidade por onde passa. A história é-nos contada por Laurentina que parte em busca da vida deste homem, ao receber uma carta da sua mãe, quando esta morre, em que lhe conta que os seus pais biológicos não são os que a criaram em toda a vida, mas sim que ela é filha de Faustino Manso. </div>
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Com esta noticia, ela decide partir para Angola, para descobrir algo mais sobre este homem, sobre a sua mãe verdadeira e no fundo sobre si mesma. Descobre que Manso acabou de morrer, deixando sete mulheres e dezoito filhos. Decide filmar um documentário sobre a vida do musico e reconstruir assim toda a sua vida. </div>
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Desta forma o livro leva-nos através de Angola, África do Sul e Moçambique acompanhando as personagens de Laurentina, Mandume, o seu namorado, Bartolomeu, um primo recém conhecido e Pouca Sorte, o motorista que os conduz através deste continente. </div>
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Cada capítulo é descrito por estas personagens diferentemente, falando das suas emoções e das suas sensações, levando-nos a conhecê-los mais intimamente e a perceber que todos eles procuram também perceber quem são neste mundo, tantas vezes ingrato e ruim. </div>
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As relações que se estabelecem entre os vários personagens e o que vão descobrindo por onde passam, bem como o auto-conhecimento de cada um, constituem, na minha opinião o fio condutor de toda a história. </div>
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O que gostei? Das auto-descobertas das personagens enquanto seres humanos, com os seus defeitos e virtudes e segredos. </div>
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O que poderia ter sido melhor e que me deixou desanimada? Acho que a viagem podia ser muito mais bem explorada, podiam ter sido mais descritivas as rotas, a paisagem, a imensidão e beleza desse continente e haver maior continuidade e ligação na história. </div>
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Faltou algo mais, na minha opinião é claro, para não me dar a sensação de que o livro são um conjunto de depoimentos soltos de várias personagens, que viajam por África para recolher elementos para um documentário sobre a vida do músico. <br />
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O final surpreende o que dá uma reviravolta positiva à história, mas logo a seguir tudo fica assim…. <br />
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Talvez eu quisesse mais, no entanto está bem escrito e por isso dou 3,5 o que passa a 4 estrelas, pela escrita e pelo final.
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<br />São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-3172141169162455192020-04-13T03:01:00.000-07:002020-05-12T13:55:41.921-07:00Memórias de um gato viajante de Hiro Arikawa <br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMZE4tdF91emu2oM_xmx6VMyUnDFdOtVTuNT7XErw43tJPFZ0guxXGeNFBm2LmWw4jcAAUTtFlBpiZ9Cb0TrGqv_TWqaACiZwu9rELqwWWFcwK3vF-Yr3RN8pNBeAOumhW9FhRgIO61Ox-/s1600/48997738._SY475_.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="475" data-original-width="309" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMZE4tdF91emu2oM_xmx6VMyUnDFdOtVTuNT7XErw43tJPFZ0guxXGeNFBm2LmWw4jcAAUTtFlBpiZ9Cb0TrGqv_TWqaACiZwu9rELqwWWFcwK3vF-Yr3RN8pNBeAOumhW9FhRgIO61Ox-/s320/48997738._SY475_.jpg" width="208" /></a><i>Sinopse</i></div>
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<i>Nana, que já foi um gato de rua, anda em viagem pelo Japão, mas desconhece para onde. O importante é que está sentado no banco da frente da carrinha, ao lado de Satoru, o seu querido dono. Satoru decidiu empreender esta viagem para visitar três amigos de juventude.</i></div>
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<i>Qual o motivo da viagem? Nana não sabe.</i></div>
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<i>Como reagirá o seu coração quando descobrir?</i></div>
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<i>Com o pano de fundo da deslumbrante paisagem japonesa e narrado em vozes alternadas com uma rara subtileza e sentido de humor, a história de Nana é sobre a solidão, o valor da amizade e o saber dar e receber.</i></div>
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<i>Um livro que tem conquistado e emocionado leitores de todo o mundo através da sua mensagem de bondade e sinceridade, revelando como os atos de amor podem transformar as nossas vidas. Por vezes, é necessário fazermos uma longa viagem para descobrirmos e conhecermos melhor aqueles que estão mais perto de nós. </i></div>
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Opinião </div>
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Quando descobri este livro à venda, pensei logo em adquiri-lo, por vários motivos : pelo Japão (país que me fascina), pela viagem (gosto imenso de livros sobre viagens) e sobretudo pelo facto de ser a história de um gato que viaja pelo Japão e que vai comentando sobre o que vê, quer na paisagem por onde passa, quer nos sentimentos das pessoas que vai conhecendo. </div>
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É claro que uma boa amiga pensou o mesmo que eu, assim que o viu pensou que era a prenda ideal para me oferecer no Natal … (obrigada ) </div>
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Pois bem, quando o comecei a ler, confesso que fiquei um pouco desapontada, talvez porque tinha as minhas expectativas muito altas. A escrita é bastante simples, o que proporciona uma leitura “fácil” e a historia que se desenrolava diante dos meus olhos nada tinha de especial, um homem jovem que tem um gato, apanhado da rua, e que resolve viajar (por um motivo que, inicialmente, não se sabe qual é ) e leva o gato consigo. </div>
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A narrativa desenvolve-se através de dois narradores, um na terceira pessoa que vai contando os acontecimentos e o desenvolvimento da viagem e e o outro na primeira pessoa, ou seja do ponto de vista do gato, onde este comenta sobre o relacionamento humano-gato. Um gato bastante observador e humorista, o que torna a narrativa divertida. </div>
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Assim, vamos lendo página a página, sorrindo pelas expressões e opiniões de Nana e rapidamente percebemos que, por detrás desta narrativa simples e divertida, há muito mais. </div>
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Os sentimentos de amizade que ligam os jovens na escola, no secundário, na faculdade e que perduram para toda a vida, as marcas, boas e más, que a vida nos vai deixando e que vão contribuir para a nossa formação e o nosso carácter enquanto adultos são tudo facetas presentes nestas páginas. </div>
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A pouco e pouco vamos começando a perceber o porquê desta viagem, e o que move Satoru e Nana pelas terras do Japão, e o final chega de uma forma dura e comovente, como a demonstração do verdadeiro sentido da amizade. </div>
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E se no inicio me sentia um pouco desapontada como já referi, mas página a página Hiro Arikawa conquistou-me, levando-me a pensar, a querer ler mais e sentir que há muito que não lia um livro tão comovente.</div>
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Recomendo a qualquer leitor e imprescindível para quem gosta de gatos, para quem, como eu, gosta de perceber o que estes felinos pensam e sentem em relação à alma humana, ao valor da amizade dono-gato. </div>
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São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-47340267832920355612019-08-29T00:46:00.000-07:002019-08-29T00:46:54.218-07:00Deuses americanos de Neil Gaiman<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmWtPTsPOwBsyWxNcNPCzFcP_cxImQsGCLYYrlLtxuYiCJQKqeCQZpBm7Q8ncEUW0GGknCwQGADjwLpMyNofcX9U3Ic8U5c4hhc-ra7osAMQpFUdm9mH8NTjJtxvrsrv6ZJiYEFJzp2hOK/s1600/deuses+americanos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="384" data-original-width="250" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmWtPTsPOwBsyWxNcNPCzFcP_cxImQsGCLYYrlLtxuYiCJQKqeCQZpBm7Q8ncEUW0GGknCwQGADjwLpMyNofcX9U3Ic8U5c4hhc-ra7osAMQpFUdm9mH8NTjJtxvrsrv6ZJiYEFJzp2hOK/s320/deuses+americanos.jpg" width="208" /></a></div>
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<i style="text-align: justify;"><br /></i>
<i style="text-align: justify;">SINOPSE</i><br />
<div class="right-title" id="productPageSectionAboutBook-sinopseTitle" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: 0px 0px; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 24px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<i></i><br />
<div style="text-align: justify;">
<i><i>Sombra, acabado de sair da prisão, aceita trabalhar para um estranho, o Sr. Quarta-Feira, que não é nada mais nada menos que a encarnação de um deus antigo. Por estarem a ser ultrapassados por ídolos modernos, os deuses antigos encontram-se em vias de extinção, e Sombra e Quarta-Feira têm de reunir o maior número de divindades para se prepararem para o conflito iminente que paira no horizonte. Mas esperam-nos inúmeras surpresas… Bestseller distinguido com diversos prémios, Deuses Americanos é uma aventura onde o mágico e o mundano, o mito e o real, caminham lado a lado, levando-nos numa viagem repleta de humor ao extraordinário potencial da imaginação humana</i><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: "bryantproregular"; font-size: 16px; text-transform: uppercase;">.</span></i></div>
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</i></div>
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<div style="text-align: justify;">
Opinião </div>
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<div style="text-align: justify;">
Há muito tempo que andava para ler este livro por diversas razões, porque o seu título me despertou a curiosidade, porque já tinha ouvido falar bastante do mesmo e sobretudo porque gosto imenso dos livros de Neil Gaiman. </div>
<div style="text-align: justify;">
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<div style="text-align: justify;">
Os Estados Unidos da América é um país onde coabitam povos de diversas origens, ou seja, cujos antepassados partiram dos diferentes continentes à procura do novo mundo e de uma vida melhor. Os escravos, emigrantes e todos aqueles que desembarcaram neste vasto território, todos eles levaram na sua bagagem as suas tradições, costumes e os seus deuses...<br />
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<div style="text-align: justify;">
Paralelamente os próprios habitantes, as várias tribos de índios, tinham a sua cultura e as suas divindades muito próprias.<br />
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Assim, por detrás das várias personagens que povoam este livro podemos encontrar relações com a mitologia nórdica, africana, egípcia, hindu e muitas outras. Os seus “velhos deuses” que se encontram adormecidos e espalhados pelas cidades americanas, arrumados nos fundos dos velhos baús, vão ser chamados a travar uma batalha com aqueles que são os novos deuses deste país “super evoluído”. </div>
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Mais do que um confronto entre deuses, Neil Gaiman, para mim, quis colocar em confronto a necessidade do ser humano em encontrar a sua razão de viver na busca de entidades “divinas” ou sobrenaturais, ou em questões materialistas e em evoluções tecnológicas. </div>
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O escritor apresenta-nos uma “road-trip” pelo mundo estadunidense, onde pretende circunstanciar o desenvolvimento da sua história na chamada sociedade de informação, da evolução e do apogeu tecnológico, mas que ao mesmo tempo se caracteriza pela efemeridade e pela descrença total.</div>
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O leitor por sua vez vai fazendo a sua própria viagem, página a página, pela mão de Shadow e o seu patrão, Sr. Wednesday, assim como a deusa Easter, e muitos outros. E penso que é precisamente esta viagem que Gaiman quer que façamos, que procuremos em nós próprios “o que nos move” e para onde queremos ir. </div>
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Uma leitura interessante, não deixa de ser um livro curioso, no entanto confesso que do que li até hoje, este não é, para mim, o melhor livro de Neil Gaiman.</div>
São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-33585202299543996542019-08-26T09:16:00.002-07:002021-11-05T08:16:08.241-07:00De regresso ....<div style="text-align: justify;">
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Há já alguns anos que criei este blogue. O objectivo era divulgar as folhas do mundo que são importantes para mim, partilhando-as convosco: folhas de livros, folhas de árvores e tantas outras "folhas" que encontramos no nosso dia a dia. </div>
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No entanto, por várias razões pessoais tenho estado um pouco afastada do "ciber espaço" e não tenho publicado nada.</div>
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Peço desculpa por esta ausência, a todos aqueles que me seguiam e que me deixaram algumas palavras simpáticas a comentar e a tornar este espaço numa verdadeira partilha. </div>
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Agora volto, com mais vontade de vos deixar as minhas opiniões, as minhas histórias e mais algumas coisas que penso serem boas para divulgar e partilhar. </div>
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Sintam-se em casa novamente para os que me revisitam e sejam bem-vindos os que aqui surgem pela primeira vez e que esta seja a primeira de muitas outras visitas.<br />
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Até já ....<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnYcYCpQUu0-T75DQ7F-hp8N5WXZxEjoz8-nM6ptPWL8i3_0RZbhfy8rJjhRURAVgRuoXCykZZFmHzD6pRigF6Zv6AvYTDg2pX8R9uGoaTS5A92JtOK3Wo8r51oHsGcdsUvRHxTd5HAZq9/s1600/bendzhamin-lakomb-avtor-neobichnih-trehmernih-illyustracij-pogruzhayushih-v-mir-skazki_3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="391" data-original-width="700" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnYcYCpQUu0-T75DQ7F-hp8N5WXZxEjoz8-nM6ptPWL8i3_0RZbhfy8rJjhRURAVgRuoXCykZZFmHzD6pRigF6Zv6AvYTDg2pX8R9uGoaTS5A92JtOK3Wo8r51oHsGcdsUvRHxTd5HAZq9/s1600/bendzhamin-lakomb-avtor-neobichnih-trehmernih-illyustracij-pogruzhayushih-v-mir-skazki_3.jpg" /></a></div>
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imagem de: "L' herbier des Fées" de Benjamin Lacombe e Sebastien Perez (2011) </div>
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<h3 class="post-title entry-title" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 18px; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-weight: normal; line-height: normal; margin: 0px; position: relative; text-align: start;">
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São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-14731291126493846692017-05-30T14:01:00.001-07:002017-05-30T14:03:44.486-07:00Contos de Cães e Maus Lobos de Valter Hugo Mãe<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyqrBqMLXn3EW0MymacNK0hk4AWBDSvSt92ay3EzETLwWwJ8p0Ao0Qdp_i_ip6stTBNcAK0qrvn7COSgY6BbKVFsFQUdxZ4GD2M_RG-23P6jwwC61oM9Oo47atPAvXdnlRSevNbXEXIB7b/s1600/CAPA_contos-de-caes.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyqrBqMLXn3EW0MymacNK0hk4AWBDSvSt92ay3EzETLwWwJ8p0Ao0Qdp_i_ip6stTBNcAK0qrvn7COSgY6BbKVFsFQUdxZ4GD2M_RG-23P6jwwC61oM9Oo47atPAvXdnlRSevNbXEXIB7b/s320/CAPA_contos-de-caes.jpg" width="203" /></a></div>
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Sinopse</div>
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<i>A escrita encantatória de Valter Hugo Mãe chega ao conto como uma delicadíssima forma de inclusão. Estes contos são para todas as idades e são feitos de uma esperança profunda. Entre a confiança e o receio, cães e lobos são apenas um símbolo para a ansiedade perante a vida e a fundamental aprendizagem de valores e da capacidade de amar. Entre a confiança e o receio estabelecemos as entregas e a prudência de que precisamos para construir a felicidade. Com a participação plástica de: Ana Aragão | Cadão Volpato | Daniela Nunes | David de la Mano | Duarte Vitória | Filipe Rodrigues | Graça Morais | JAS | Joana Vasconcelos com Alice Vasconcelos | José Rodrigues | Luís Silveirinha | Nino Cais | Paulo Damião</i></div>
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<i>«Há nesta antologia de contos o convite ao regresso a um canto de que nunca saímos, um reencantamento da infância, uma cumplicidade de quem partilha vazios e silêncios». </i></div>
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Mia Couto (Prefácio) </div>
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Este foi o primeiro livro de Valter Hugo Mãe que li. Confesso que há muito tempo que andava com curiosidade em ler alguma obra dele, mas as opiniões que ouvi eram diversas e fiquei sempre na dúvida por onde e quando começar. Uma boa amiga resolveu-me o problema, oferecendo este belo livro de contos. </div>
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É claro que de imediato peguei nele, e foi saboreando lentamente as onze pequenas histórias que ele nos oferece. Digo saboreando, porque é mesmo assim, não é um livro que se leia de seguida, mas sim conto a conto, onde vamos degustando, com todos os sentidos possíveis as suas palavras, as suas histórias, o seu mundo… </div>
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Com uma escrita extremamente simples, “Contos de cães e maus lobos” transportam-nos para um imaginário onde os sonhos se cruzam e os corações batem mais fortes. Há como que um “doce viver”, uma singeleza, em cada um destes contos.</div>
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<i>«Todos os livros são infinitos. Começam no texto e estendem-se pela imaginação. Por isso é que os textos são mais do que gigantescos, são absurdos de um tamanho que nem dá para calcular. Mesmo os contos, de pequenos não têm nada. Se os soubermos entender, crescemos também, até nos tornarmos monumentais pessoas. Edifícios humanos de profundo esplendor».</i></div>
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Conto "A biblioteca"</div>
São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-64456722896316534822017-04-12T15:05:00.000-07:002017-04-12T15:05:10.548-07:00A Um Deus Desconhecido de John Steinbeck<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2srBaMXUQe4wIu8teqZwQEj0ahPh40HG0pBcBU6Z2BorAvfmPS4PmLSpNDbKUFFG4OuVLwDlV31H0VpWYENChEZEHxUYLOpxoOPeSZ9dqJ99jWCsC9cWFFYyQJVZvhemKpDbs8BnYSpYp/s1600/A-um-Deus-Desconhecido.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2srBaMXUQe4wIu8teqZwQEj0ahPh40HG0pBcBU6Z2BorAvfmPS4PmLSpNDbKUFFG4OuVLwDlV31H0VpWYENChEZEHxUYLOpxoOPeSZ9dqJ99jWCsC9cWFFYyQJVZvhemKpDbs8BnYSpYp/s320/A-um-Deus-Desconhecido.jpg" width="212" /></a></div>
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<i>Sinopse</i></div>
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<i>As antigas crenças pagãs, as grandes epopeias gregas e os relatos da Bíblia servem de base a este romance extraordinário, que Steinbeck demorou cinco longos anos a escrever. Cumprindo a promessa feita ao pai antes da sua morte, Joseph Wayne parte para o Oeste com o desejo de criar uma quinta próspera na Califórnia. Aí encontra uma bela e imponente árvore e acredita estar nela incorporado o espírito do pai. Os irmãos e respetivas famílias, que foram viver com ele, beneficiam dos êxitos e da prosperidade de Joseph, e a quinta cresce — até um dos irmãos, assustado pelas suas crenças pagãs, decidir cortar a árvore, fazendo com que a doença e a fome se abatam de súbito sobre todos eles. A Um Deus Desconhecido é um romance quase místico, que tem por tema central o modo como os homens tentam controlar as forças da natureza e ao mesmo tempo compreender a sua relação com Deus e com o inconsciente.</i></div>
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Opinião </div>
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Joseph Wayne é um homem solitário que decide deixar a sua família, em Vermont, e procurar o seu próprio destino. A terra onde vive não chega para todos e tendo ouvido falar que havia terrenos, na Califórnia, parte, como muitos outros nessa época, atrás do seu sonho para o Oeste. </div>
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<br /></div>
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Escolhe um terreno perto da fronteira mexicana e depara-se com as tradições e costumes índios de muita gente que habita essa região. As diferenças conquistam-no, a relação da divindade com a natureza atrai-o e ele começa a sentir a terra como algo que faz parte de si mesmo.</div>
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Junto á casa que constrói existe um enorme e velho carvalho. Joseph , no momento em que lê a carta que anuncia a morte do seu pai, pouco tempo depois de chegar, olha para a árvore e pareceu-lhe que as folhas se agitaram e que ganharam outra vida. O remorso de não ter acompanhado o seu pai, naqueles últimos momentos da sua vida, persegue-o mas, para ultrapassar isso, ele acha que o espirito do seu pai se introduziu naquele carvalho e a partir desse momento estabelece, com ele, uma relação de culto ou mesmo adoração. </div>
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<br /></div>
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Toda a sua vida vai estar intimamente ligada com a seiva que corre por entre as folhas, ramos e tronco da árvore. A ela recorre nas dúvidas, nos bons e maus momentos, refletindo em silêncio. </div>
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Uma necessidade enorme estabelecia-se no seu íntimo, de acreditar em algo mais transcendente, um “Deus desconhecido” que ele agora encontrava vivo na natureza, muito mais próximo de si, no velho carvalho, no lugar sagrado dos índios que encontra no topo da propriedade, um lugar antigo, místico e na própria comunhão com a terra que lhe corre pelo sangue, como se fossem um só. </div>
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<br /></div>
Um romance que nos fala da organização da família no velho oeste, o rancho que se desenvolve em função da figura patriarcal, que vive em função da terra e da criação do gado. <br />
<br />
No entanto é muito mais do que isto, é uma procura do Homem pelo seu Deus? Ou a união do homem com um Deus vivo e presente na Natureza….</div>
<div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Joseph é uma personagem muito forte, muito marcante nas suas relações, quer no seu meio familiar que vive quase em função dele, quer como personagem da qual não nos conseguimos identificar, mas à qual nos sentimos presos como uma mariposa em volta da chama.</div>
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<div class="MsoNormal">
<i>"Ignoro se há homens nascidos fora da Humanidade, ou se alguns deles são tão humanos que fazem os outros parecer irreais. Talvez uma divindade venha viver para a Terra, de vez em quando. O Joseph possui força sob uma visão confusa, tem a calma das montanhas e as suas emoções são tão selvagens, ferozes e vivas como os relâmpagos, e tão destituídas de racionalidade quanto eu me possa ter apercebido. Quando estiveres longe dele, tenta pensar nele e verás o que quero dizer com isto. A sua figura crescerá até se tornar enorme, até ser maior que as montanhas, e a sua força parecer-se-á com o irresistível impulso do vento."</i> (<o:p></o:p>diálogo entre Rama, a cunhada e Elizabeth a mulher)<br />
<br />
<br /><br />Edição ou reimpressão: 03-2007<br />Editor: Livros do Brasil<br />Páginas: 256<br />Coleção: Obras de John Steinbeck<br />ISBN: 9789723828337<br /></div>
</div>
São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-76032008948920227912017-04-06T14:02:00.000-07:002017-04-06T14:02:03.479-07:00O Tormento dos Céus de Ursula K. Le Guin<div class="MsoNormal">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHioSG2TFo_ab5TC1rE-RGJCPNW2mMbv9L3L88I42ufYVOym1Qr4GgVluaGKsnfsgVXyN-bVcNgeNCrb7yi2cehzreZ8hvD-60IVjBK1qsu5GrFpbQ16tRMtZLJ0qnAPAcE69JZWKbWhtk/s1600/image.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHioSG2TFo_ab5TC1rE-RGJCPNW2mMbv9L3L88I42ufYVOym1Qr4GgVluaGKsnfsgVXyN-bVcNgeNCrb7yi2cehzreZ8hvD-60IVjBK1qsu5GrFpbQ16tRMtZLJ0qnAPAcE69JZWKbWhtk/s320/image.jpg" width="211" /></a></div>
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<i>Sinopse:</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>E se, quando acordamos, descobríssemos que os nosso sonhos se tinham tornado reais? George Orr é um homem insignificante, em que ninguém repararia, ao passar. Mas quando Orr descobre que os seus sonhos podem mudar a realidade, começa a ter medo de sonhar, Ao tentar suprimir os sonhos, é enviado, por abuso indevido de medicação, a um psiquiatra que se dedica a investigar os diferentes estados de sono produzidos pela mente. O Dr. Haber, um homem autoconfiante e autocomplacente, que se acha capaz de conhecer e manipular a mente dos seus pacientes, depressa se apercebe de que Orr possui de facto a capacidade de alterar a realidade. Submete-o então a sucessivas experiências com máquinas cada vez mais sofisticadas para conseguir, através dele, alterar o que está mal no mundo, e chegar à criação de um verdadeiro "admirável mundo novo". Orr, porém, acha que toda esta cega manipulação é na verdade aberrante.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>A partir deste enredo, Ursula K. Le Guin escreve uma obra-prima de complexidade e subtileza, datada de 1971 mas ainda hoje surpreendentemente actual na sua percepção do mundo relativamente a temas como ambiente, geopolítica, racismo, avanços da medicina e relação de todas estas coisas como o poder.</i></div>
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Opinião:<br />
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Ursula Le Guin é uma escritora que ficará de certeza na lista dos meus escritores favoritos, pois gosto bastante da sua escrita e das histórias que nos conta.</div>
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“O Tormento dos Céus” não sendo um dos meus livros favoritos desta autora (é preciso referir que ainda me faltam muitos para ler) é sem dúvida um livro interessante quer pela temática, quer pela sua originalidade. </div>
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<br /></div>
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A história passa-se em 2002 (30 anos após a data em que foi escrito), num mundo quase que apocalíptico onde todas as acções do ser humano estão controladas, e onde a relação homem / natureza se perdeu. </div>
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<br /></div>
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George Orr tem uma característica incomum: muitos dos seus sonhos tornam-se realidade, no verdadeiro sentido da palavra, desde que sejam sonhos “eficazes”. Para muitos esta característica levaria a uma exclamação do tipo: “olha que bom!” mas para Orr é mais uma maldição que ele quer evitar de qualquer forma. Esta luta leva-o a tentar não sonhar e a consumir fármacos que o ajudem a não dormir. Numa sociedade em que o que cada um consome é controlado e doseado, rapidamente descobrem que anda a utilizar cartões de outras pessoas para se abastecer. Como é uma pessoa pacífica, a penalização passa apenas por tratamento psiquiátrico junto de um especialista em questões de sono.</div>
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<br /></div>
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Haber, assim se chama o psiquiatra, vê naquele doente um manancial de descobertas e de possibilidades de alterar quer a sua vida pessoal, quer a sociedade em que vivem. E assim se vai desfolhando o livro de alteração em alteração do mundo, da sociedade e deles próprios. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A autora chama-nos a atenção sobre a avidez humana pelo poder, por querer sempre mais, pois paralelamente ao desejo de mudar o mundo, torná-lo mais humano, há o desejo pessoal, há o conflito armado, a guerra latente que de uma forma ou de outra está sempre presente. As mudanças trazem sempre outras mudanças associadas e é um caminho sem fim. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É um livro interessante que tem um final curioso. Recomendo a quem gosta de Ursula Le Guin e a quem nada leu da sua vastíssima obra também o recomendo, se bem que aconselharia a começar por outros livros, a saga Earthsea por exemplo.</div>
<br />
<br />
Edição ou reimpressão: 04-2004<br />
Editor: Editorial Presença<br />
Páginas: 180<br />
Coleção: Viajantes no Tempo<br />
ISBN: 9789722331562<br />
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<div class="MsoNormal">
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São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-69180424636374185562017-01-17T04:53:00.000-08:002017-01-17T04:53:00.996-08:00"O meu nome é vermelho" de Orhan Pamuk<div class="MsoNormal">
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<div class="MsoNormal">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigxUfm5zRbIoL0Zup3vMZDN9p2r2cnv5E8fudkK9jsTzG5XUACdwU-6aDwhVklFPnb_l2jjxN3JS8p6I42Yl7Kadu3UVyMzjFjFjBDQwXGVXRVul2fnkNUPK53VKAvKgnSN71DLs8x8aVq/s1600/MEU_NOME_E_VERMELHO_1339777593B.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigxUfm5zRbIoL0Zup3vMZDN9p2r2cnv5E8fudkK9jsTzG5XUACdwU-6aDwhVklFPnb_l2jjxN3JS8p6I42Yl7Kadu3UVyMzjFjFjBDQwXGVXRVul2fnkNUPK53VKAvKgnSN71DLs8x8aVq/s320/MEU_NOME_E_VERMELHO_1339777593B.jpg" width="201" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<i style="text-align: justify;">SINOPSE</i></div>
<i></i><br />
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<i>Orhan Pamuk é o grande vencedor do prémio Nobel da literatura 2006. A Academia Sueca não lhe poupou elogios: «na procura pela alma melancólica da sua cidade natal descobriu novos símbolos para o confronto e entrelaçamento de culturas». Um dos mais reconhecidos romancistas, Pamuk tem o seu trabalho traduzido em 45 línguas. Nos seus livros, os leitores são levados a submergir num labirinto de histórias e crenças, onde as personagens com as quais nos identificamos podem a qualquer momento tornar-se estranhas, avançando noutra direcção, para outra vida ou outra cultura. A sua cidade de origem é uma referência incontornável no percurso literário do Nobel, um local onde os leitores de todo o mundo podem viver outra vida com o sentimento de que aquele lugar também lhes pertence.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Em O Meu Nome É Vermelho, inicia-se uma viagem até Istambul, do século XVI onde um iluminista da corte aparece morto no fundo de um poço. A partir daqui desenrola-se uma história que pode ser lida não só como um mistério, mas também como uma história de amor. A narrativa desenrola-se em torno das investigações deste homicídio, sendo contada alternadamente por diferentes personagens, a maioria humanas, mas também por animais e objectos. Um romance exótico onde se espelha a tensão entre Ocidente e Oriente.</i></div>
</i><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
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<div style="text-align: justify;">
A conselho de uma amiga comprei na Feira do Livro (a um preço mais convidativo) o meu primeiro livro de Orhan Pamuk, escritor turco que recebeu o Nobel da literatura em 2006. Não conhecia nada deste autor e fui surpreendida pela sua escrita muito agradável e pelas inúmeras histórias que enchem as páginas desta belíssima obra. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Orhan Pamuk transporta-nos para o final do século XVI , em Istambul, para o seio da comunidade de miniaturistas que trabalham para o sultão otomano. Com eles percorremos um caminho traçado de histórias, crenças, de paixões e questões metafisicas e religiosas que se entrelaçam entre o Ocidente e Oriente. </div>
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<br /></div>
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A história principal é simples: um miniaturista é encontrado morto num fundo de um poço e importa pois descobrir quem o matou. No entanto é a partir deste crime que o autor nos leva aos meandros da arte e da sua representação, das pinturas orientais e das influências cada vez mais fortes (na época) das tendências ocidentais, nomeadamente da perspectiva e do retrato. </div>
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<br /></div>
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O sultão encomendara a execução de um livro secreto, que seria um presente para uma comitiva veneziana e as suas iluminuras deveriam retratar a glória do império otomano através da arte islâmica. Quatro miniaturistas desenvolviam o trabalho, tendo como orientador o “Tio” que servia de elo entre estes e o próprio sultão, e que pretendia tornar esta obra num exemplar único em toda a arte otomana. Com a morte de um deles todos os outros se tornam suspeitos e as pistas são as próprias miniaturas que produziram. Paralelamente o romance surge, envolvendo dois dos protagonistas principais e com ele surge também todo o ambiente próprio da época à roda da alcoviteira que leva e traz bilhetes e recados no meio das suas trouxas de roupas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma das questões verdadeiramente fantásticas neste livro, na minha opinião é claro, é a narrativa ser contada por todas as personagens, ou seja todas elas intervêm directamente com o leitor e contam a sua versão ou opinião sobre os factos. As personagens são desde o cadáver que conta o que lhe aconteceu, ao assassino que, sem se identificar, explica as razões que o levaram a tomar aquela atitude, a todos as outras que se ligam ao ambiente onde se desenvolve a acção e mesmo um conjunto de personagens completamente inesperadas, como uma árvore, a morte, o dinheiro (hilariante!), a cor vermelha e mesmo um cão que explica as desventuras sobre a interpretação do Alcorão para denegrir a bom imagem da raça canina.</div>
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No entanto o mais fascinante da obra é que, ao colocar a história nas várias personagens que a vão narrando, Pamuk dá-nos uma visão muito mais abrangente do que apenas a abordagem estilística do romance, dá-nos a visão de cada um do mundo que o rodeia, os seus medos, as suas crenças, as suas críticas e espectativas sobre a sua própria vida. É sobretudo a visão do ser humano e do nosso autoconhecimento face a um acontecimento que acaba por ser a questão central do livro. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“O meu nome é vermelho” foi publicado em 1998 e recebeu o prestigiado prémio, cinco anos depois, IMPAC Dublin Literary Award.<br />
<br />
<br />
<br /><br />Edição/reimpressão: 2007<br />Páginas: 480<br />Editor: Presença<br />Colecção: Grandes narrativas<br />ISBN: 9789722338349<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br /></div>
São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-36969663423641329972016-05-16T09:35:00.000-07:002016-05-17T04:05:00.839-07:00A Raposa Azul de Sjón<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtbBDH3HIVSglELqB0W_JuBBM1dz7dsCeOUsEJEm1yFwgxStWWRcA1aNU9_zUCQaHHSk_rvRJ157VvsNq4BiZEzObrZQtUMk66NPtkUx2YK35R3MTlKJaN7HytP1VyxqosTea4MJK67kIu/s1600/raposa+azul.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtbBDH3HIVSglELqB0W_JuBBM1dz7dsCeOUsEJEm1yFwgxStWWRcA1aNU9_zUCQaHHSk_rvRJ157VvsNq4BiZEzObrZQtUMk66NPtkUx2YK35R3MTlKJaN7HytP1VyxqosTea4MJK67kIu/s320/raposa+azul.jpg" width="224" /></a></div>
<br /><br /><div style="text-align: justify;">
<i>Sinopse</i></div>
<i><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>O ano é 1883. A fria e irreal paisagem do Inverno islandês é o pano de fundo. Seguimos o padre, Baldur Skuggason, na sua perseguição à enigmática raposa azul. E no momento em que o padre prime o gatilho somos transportados para o mundo do naturalista Fridrik B. Fridriksson e da sua protegida, Abba, que sofre da síndrome de Down. Quando ela foi encontrada acorrentada às vigas de um navio naufragado em 1868, Fridrik fora casualmente em seu socorro. O destino de todas estas personagens está intrinsecamente ligado e, a pouco e pouco, de um modo surpreendente, é revelado neste fascinante romance que contrapõe à poética violência da natureza a barbaridade dos homens.</i></div>
</i><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><br /><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um livro de pequenas dimensões, com apenas 112 páginas que passará desapercebido a muitos leitores. Pelo menos assim aconteceria comigo se não fossem duas particularidades: a capa azul, lindíssima, com a imagem de um focinho de raposa “azul” do ártico e a vontade que tenho de ler livros sobre a Islândia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim na Feira do Livro do ano passado, trouxe-o a um preço bem convidativo da Cavalo de Ferro. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Não poderei dizer que o livro se lê num ápice, porque estaria a mentir. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Lê-se calmamente e sobretudo sente-se. Sente-se o frio gelado de uma procura, o frio de uma vasta região desértica em que nada vinga a não ser a neve e o gelo. Sente-se o frio humano, o marginalizar de situações, de seres, de condições e sobretudo sente-se a presa, a caça, o disparo da arma e a “vingança” da natureza. A beleza natural de uma região tão inóspita quanto misteriosa aliada à crueldade humana são os principais ingredientes deste pequeno/grande livro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A histórica gira à volta de três personagens no século XIX: um padre de uma pequena paróquia - Baldur Skuggason que parte numa caçada ao raro animal que dá nome ao livro, um naturalista - Fridrik B. Fridriksson viajante na sua juventude, mas que se dedica ao estudo de plantas na região, isolando-se da sua vida anterior e uma jovem portadora de Síndrome de Down - Abba, encontrada acorrentada num navio abandonado, transportando consigo uma caixa que contém o segredo da sua história, mas que só poderá ser revelado após a sua morte. Apenas no desenlace final se entende qual a relação entre todos num mundo tão árido em sentimentos humanos quanto a paisagem envolvente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os capítulos são curtos, por vezes como que pequenas poesias em forma de prosa, que nos deixam a pensar. Pequenos momentos intemporais e mudança de narrador fazem com que nos sintamos parte do livro e que possamos entender tudo aquilo que nunca chega a ser revelado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O autor transporta-nos para as paisagens geladas da Islândia, onde através de um conjunto de elementos míticos, muito próprios desse país, nos oferece uma leitura diferente que na minha opinião é memorável. Toda a história da humanidade é-nos oferecida num diálogo entre raposa e caçador/reverendo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Edição/reimpressão:2010<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Páginas: 112<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Editor: Cavalo de Ferro<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
ISBN: 9789896231118<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tradução: Maria João Freire de Andrade<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxhMdAKwSu3bN2NuFpuO_AmNdbKHf9GRB-p8QU1F0A3hATrlmoeFi3fFDSUEeTDUmhv-JDoyqgDlwlHvo8s5KNW0hkcInS9Hikz3_4hpgzSOY5XNEyru02uIXqQ6glkeNebCSHBDbPDSnj/s1600/Sjon.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxhMdAKwSu3bN2NuFpuO_AmNdbKHf9GRB-p8QU1F0A3hATrlmoeFi3fFDSUEeTDUmhv-JDoyqgDlwlHvo8s5KNW0hkcInS9Hikz3_4hpgzSOY5XNEyru02uIXqQ6glkeNebCSHBDbPDSnj/s200/Sjon.jpg" width="122" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sjón ou Sigurjón Birgir Sigurðsson é um escritor da
Islândia, é famoso por ser o autor de muitas das letras de canções para Björk e Lars von Trier; viveu em
Londres e vive agora Reykjavík.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vencedora do "Nordic Concil Literature Prize" em
2005, 'A Raposa Azul' é considerada a obra mais importante da literatura
islandesa actual.<o:p></o:p></div>
São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-53930464451903492832016-01-21T15:02:00.000-08:002016-01-21T15:02:44.517-08:00"Firmin" de Sam Savage<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7oSShwjkPFug5BsQiLa0GVc3lmQrcvFiHp8XJvjx6K7CAFDYB9medTFB6bFQgwLc1EgWVzEDBIfHzXeUL2N6XH47dFp9zRBhnZxuc-YBrFUDEttqOBDTiYkOrNDoLMNSP50Hv1TIZLtx-/s1600/17892859_iV9MH.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7oSShwjkPFug5BsQiLa0GVc3lmQrcvFiHp8XJvjx6K7CAFDYB9medTFB6bFQgwLc1EgWVzEDBIfHzXeUL2N6XH47dFp9zRBhnZxuc-YBrFUDEttqOBDTiYkOrNDoLMNSP50Hv1TIZLtx-/s1600/17892859_iV9MH.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7oSShwjkPFug5BsQiLa0GVc3lmQrcvFiHp8XJvjx6K7CAFDYB9medTFB6bFQgwLc1EgWVzEDBIfHzXeUL2N6XH47dFp9zRBhnZxuc-YBrFUDEttqOBDTiYkOrNDoLMNSP50Hv1TIZLtx-/s320/17892859_iV9MH.jpg" width="208" /></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "calibri";">Sinopse <o:p></o:p></span></i><br />
<div style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "calibri";">Nascido na cave da
Pembroke Books, uma livraria da Boston dos anos 60, Firmin aprendeu a ler
devorando as páginas de um livro. Mas uma ratazana culta é uma ratazana
solitária.<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "calibri";">Marginalizado pela
família, procura a amizade do seu herói, o livreiro, e de um escritor
fracassado. À medida que Firmin desenvolve uma fome insaciável pelos livros, a
sua emoção e os seus medos tornam-se humanos. É uma alma delicada presa num
corpo de ratazana e essa é a sua tragédia. <o:p></o:p></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "calibri";">Num estilo ora
sarcástico ora enternecedor, Firmin é uma história sobre a condição humana em
que a paixão pela literatura, a solidão e a amizade, a imaginação e a
realidade, fazem parte de um mundo que acarinhava os seus cinemas de reprise,
os seus personagens únicos e a glória amarelada das suas livrarias. Firmin é
divertido e trágico. Como todos nós.<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Confesso que se não fosse um conselho de uma boa amiga, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Firmin</i> ter-me-ia passado ao lado e seria
uma enorme perda. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhoj4C9FDY7qhP3rCNjjDyekXM2wR1Qxce3Yc_NLVltWEPccGDVWW9bSczI-pDCLLf6CcnLYK6OdQpAtlyJg-KuxkO75WmVIFwFQUBLUmDBHnyL7NoQUgty-YjU30x2PCjoxpUuWdt2Usj/s1600/49427579.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhoj4C9FDY7qhP3rCNjjDyekXM2wR1Qxce3Yc_NLVltWEPccGDVWW9bSczI-pDCLLf6CcnLYK6OdQpAtlyJg-KuxkO75WmVIFwFQUBLUmDBHnyL7NoQUgty-YjU30x2PCjoxpUuWdt2Usj/s320/49427579.jpg" width="175" /></a><span style="font-family: "calibri";">Gostei muito de ler este pequeno livro e de conhecer Firmin
uma ratazana, de pelo negro e aparentemente como tantas outras que vivem em
buracos escuros, frios e húmidos e comem restos de comida. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">No entanto Firmin não é uma ratazana vulgar, é o mais novo
de uma ninhada de treze filhos de uma mãe que vai bebendo os restos das
bebedeiras humanas e que invariavelmente chega a casa bêbada. Sendo o mais
fraco, apenas lhe restam as últimas gotas de leite libertas do álcool ingerido
pela Mama. Talvez por isso ele, o renegado pela família, tenha encontrado nos
livros a fonte para saciar todas as suas carências.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg052Y23WJm1m4ZnlYkK-r8-vT2y5mjIhhB8ssw1ZzZ9LTaYBVHsmT-eAOi0EEHyrRHxSEoVevlqA2ii26licJOglextK6pqB7ph1AQvz-YoJDctX4bJSK1BITUI0SbzAA8PCkEQJM0WGop/s1600/firmin.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg052Y23WJm1m4ZnlYkK-r8-vT2y5mjIhhB8ssw1ZzZ9LTaYBVHsmT-eAOi0EEHyrRHxSEoVevlqA2ii26licJOglextK6pqB7ph1AQvz-YoJDctX4bJSK1BITUI0SbzAA8PCkEQJM0WGop/s320/firmin.jpg" width="237" /></a><span style="font-family: "calibri";">Nascido na cave de uma velha livraria, a Pembroke Books, em
Boston nos anos 60, Firmin começou a sua vida deliciando-se com as páginas de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Finegans Wake</i> de James Joyce, que a sua
mãe despedaçou para com elas fazer o berço dos seus filhos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Dia a dia ele vai alimentando o corpo e o espírito de
livros, ele come, lê e vive os livros. De uma abertura no tecto da livraria,
observa as pessoas que entram e saem e vai aprendendo a viver com elas, conhecendo
exactamente quais os gostos de cada um e os locais onde se encontra cada livro
que procuram. Sabe quais as categorias dos livros e viaja com eles, desde as
mais longínquas aldeias do globo terrestre aos locais mais ínfimos do corpo
humano.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br />
"<i>Nunca fui muito valente no aspecto físico, aliás nem em qualquer outro aspecto, e foi-me muito difícil aceitar a pura estupidez de uma vida vulgar, sem história, de modo que comecei bastante cedo a consolar-me com a ideia ridícula de que tinha um Destino. E resolvi viajar pelos livros, no espaço e no tempo, à procura dele. Com Daniel Defoe visitei a Londres da peste negra. Ouvi o sineiro gritar "Tragam cá para fora os vossos mortos" e cheirei o fumo dos cadáveres queimados. Continua entranhado nas minhas narinas. </i><br />
<i>(...) </i><br />
<i>Pus Baudelaire na jangada com Huck e Jim. Fez-lhe bem. E tornei algumas pessoas tristes mais felizes. Deixei Keats casar com Fanny antes de morrer. </i><br />
<i>(...)</i><br />
<i>Deixei os livros entrar nos meus sonhos e por vezes sonhei que eu é que estava nos livros. Tive a cintura de vespa da Natasha Rostova, senti a mão dela no meu ombro e dançámos os dois e, flutuando ao sabor da valsa (....) </i><br />
<i>Fui em tempos - apesar do meu porte desagradável - um irremediável romântico, esse personagem tão ridículo. E um humanista também, igualmente irremediável. E no entanto apesar - ou será por causa? - desses sentimentos conheci uma data de gente fabulosa, bem como uma data de génios, no decorrer da minha educação básica. Conversei com todos os Grandes.. Dostoievski e Strindberg por exemplo. Neles não tardei a reconhecer colegas de sofrimento, histéricos como eu. E aprendi com eles uma lição valiosa - por mais pequenos que sejamos, a nossa loucura pode ser tão grande como a de qualquer outra pessoa."</i><br />
<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Através de uma linguagem simples, e na primeira pessoa,
vamos acompanhando o crescimento deste personagem que acredita no poder da
amizade e que busca a felicidade acima de tudo. O seu maior desgosto é não
conseguir comunicar com a espécie humana, essa espécie que ele vai aprendendo a
conhecer através da livraria, através de Fred Astaire e Ginger e das belas
mulheres dos filmes que vai assistindo no velho cine-teatro Rialto do outro
lado da praça, onde ele vai procurar o seu alimento. Ele sonha com Astaire, ele
vive pelos mundos dos livros que lê e ele desilude-se com a vida real fora das
paredes onde vive. O ser humano revela-se egoísta e mesquinho causando-lhe
sofrimento, levando-o a refugiar-se no sonho e nos livros. Ele apenas deseja
amar e ser amado intensamente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaRMGps-uS4ZVOW_6oeSP_k3VEnNQgflynRBmwYjiED6HoY78IoYvpAL8GfqqHDnV7LysYOMjb86iG1W1_5-98UbVqry_OmjvfoQraXJ5EGp_zLH3dFtfhFyd6EabMX7bK9ybseyTyuMuO/s1600/fimino-mangia2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaRMGps-uS4ZVOW_6oeSP_k3VEnNQgflynRBmwYjiED6HoY78IoYvpAL8GfqqHDnV7LysYOMjb86iG1W1_5-98UbVqry_OmjvfoQraXJ5EGp_zLH3dFtfhFyd6EabMX7bK9ybseyTyuMuO/s320/fimino-mangia2.jpg" width="185" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Com Jerry, um escritor falhado, ele consegue ser feliz.
Entendem-se mutuamente nos seus gostos e nos livros que são a essência da vida
para ambos, e Firmin encontra nesse ser o reflexo da sua alma de camundongo num
ser humano. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É a seu lado que vive os
melhores dias da sua vida, pois, segundo ele próprio, abandona o seu estilo de
vida burguês.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">No entanto a vida é traiçoeira, mesmo para uma pequena
ratazana pacífica e cobra os seus preços. Todo o bairro onde se localiza a
velha livraria e o cine-teatro Rialto está inserido num programa de reforma
urbana, cujo projecto avança com a demolição de todas as construções
existentes. A pouco e pouco a vida vai-se escoando, não há visitantes, o cinema
encontra-se vazio e a comida escasseia. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Uma fábula divertida e dramática em que o autor nos oferece <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma visão da condição humana, da solidão, do
desejo que todos temos em sermos reconhecidos como verdadeiramente somos, de
amarmos e de sermos amados. Através das suas reflexões Firmin predispõe-nos a
pensar nas nossas atitudes, nas nossas procuras e sobretudo naquilo que é o
Destino. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTdWlf0VQT7HqXTWGpOm7yTqupJxhG9pdgsv4Xtkei9PZHrf8y7VnIuZXtWsHOUtol89Y6imZMvn05pii4Q0k3BM_eiTp5JEAORrGJDGfUIkYNzFgDLsoqsYHv57N1qdYx4CZDrz1EOZNX/s1600/firmin1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTdWlf0VQT7HqXTWGpOm7yTqupJxhG9pdgsv4Xtkei9PZHrf8y7VnIuZXtWsHOUtol89Y6imZMvn05pii4Q0k3BM_eiTp5JEAORrGJDGfUIkYNzFgDLsoqsYHv57N1qdYx4CZDrz1EOZNX/s1600/firmin1.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Muito bom.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Ilustrações de Fernando Krahn</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Edição/reimpressão:2009</div>
<div style="text-align: justify;">
Páginas: 160</div>
<div style="text-align: justify;">
Editor: Editorial Planeta</div>
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ISBN: 9789896570019<span style="font-family: "calibri";"></span></div>
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<span style="font-family: "calibri";"></span><br /></div>
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<span style="font-family: "calibri";"></span><br /></div>
<span style="font-family: "calibri";"></span><br />
<img height="96" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIXHrg0sTcv4DLnHGSBzxUqSs0y9mM_uGXsgGE-Wng3AkqQY6pSe3psSLRaqbUgo0i8XQGNp2xILe4TESnzYcZ3pveSRily-P12uXxiX-QqIuukS5OJIhMWorrGABwwdtXc2wkKsyB-7vy/s320/17892859_iV9MH.jpg" style="filter: alpha(opacity=30); left: 84px; opacity: 0.3; position: absolute; top: 61px;" width="62" />São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-49908478145853886662016-01-04T16:09:00.000-08:002016-01-05T02:17:47.319-08:00Excertos de "A raposa azul" de Sjón<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>"As raposas azuis são tão curiosamente semelhantes a pedras que isso é motivo de maravilhamento. No Inverno, quando se deitam ao seu lado não existe qualquer possibilidade de as distinguir das rochas: na verdade, são muito mais astutas do que as raposas brancas, que lançam sempre uma sombra ou parecem amareladas contra a neve.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
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<i>Uma raposa azul deita-se muito perto de uma pedra, e deixa que a neve que sopra de barlavento se acumule sobre ela. Vira as costas à intempérie, enrola-se e enfia o focinho debaixo da coxa, baixa as pálpebras até restar apenas o mais ténue dos vestígios de uma pupila. E assim mantém um olho atento sobre o homem que não se moveu desde que se abrigou sob um banco de neve saliente, ali nas vertentes superiores do Asheimar, há cerca de dezoito horas. A neve caiu sobre ele, até o homem se assemelhar apenas aos restos de um muro arruinado. </i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>O </i><i>animal tem de tentar não se esquecer que o homem é um caçador."</i></div>
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</div>
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<em>(...) </em></div>
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</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGL4x5qv-KjjFbD8ldmmK5njYPAPZ3JZQrgxaUZFwmLpI3JbQev_98FQN6HPvn62k-9VErxKc8V5b9IgHVfwSB5hIYd0ADwgo5HQ9SduZZnXBpwwpmj1rueTsx4gSGktUL63TgAgm8ta6v/s1600/dn22262-2_300.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGL4x5qv-KjjFbD8ldmmK5njYPAPZ3JZQrgxaUZFwmLpI3JbQev_98FQN6HPvn62k-9VErxKc8V5b9IgHVfwSB5hIYd0ADwgo5HQ9SduZZnXBpwwpmj1rueTsx4gSGktUL63TgAgm8ta6v/s1600/dn22262-2_300.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<i>"O homem olhou-a com maior atenção. </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Focou os seus pensamentos nela, a tentar entrever algum indício do que ela tencionava fazer, por que caminho seguiria quando acabasse de farejar o cume. De repente, o animal desatou a correr, o homem não percebeu porquê. O seu comportamento demonstrava que ela sentira uma enorme ameaça. No entanto, não podia ter a mais pequena das suspeitas quanto ao homem - por meios normais.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Devia ter sido uma premonição das intenções dele: É um homem com a caça na mente." </i><br />
<em></em> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5-vp-8g4EOcxn5SsDoOXbj-7iWwbRzZDXeewgWhlTPp03-szJdjGWHF6etr8BUR18JlT1otlgthj_7zK3ptT1XHeQWtjbfY_-hmT47lWyfx5k8x0e35NmtrXLXzFnq-cq_zD8wItcqUPh/s1600/281788_01dda2e5b4d16f62bac8b7f1a7a998ae_large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5-vp-8g4EOcxn5SsDoOXbj-7iWwbRzZDXeewgWhlTPp03-szJdjGWHF6etr8BUR18JlT1otlgthj_7zK3ptT1XHeQWtjbfY_-hmT47lWyfx5k8x0e35NmtrXLXzFnq-cq_zD8wItcqUPh/s320/281788_01dda2e5b4d16f62bac8b7f1a7a998ae_large.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /><em>
(...)</em>
</div>
<div style="text-align: center;">
<i><br /></i>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<i>"Quando o homem emergiu sob o rochedo gigantesco que bloqueia o Asheimar, está prestes a perder a raposa.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Apenas a conseguiu detectar quando ela deu três voltas e deixou-se cair contra uma pedra, a esconder-se e a enrolar a cauda sobre o focinho.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>O homem fez o mesmo.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>A orla do dia desvanecia-se.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Nos átrios celestiais estava agora suficientemente escuro para as irmãs Aurora Boreal começarem sua animada dança de véus. Com um encantador jogo de cores elas esvoaçaram leves e rápidas sobre o imenso palco dos céus, a sacudirem os seus vestidos dourados, os seus colares de pérolas a desfazerem-se, a espalharem-se por aqui e por ali por entre os seus saltos selváticos. É pouco depois de o entardecer que este espectáculo se torna mais brilhante.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Depois a cortina cai; a noite instala-se."</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<i><br /></i>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_afd08uuttxEbap_kTw_Oeh3H3LqAr9EpPXpuM3b9owbm9mS5A8sbE62lBj7ksmoanDMfJTOplcjQhmb9bxUFVo8LCaPE0oMJH3ftwT2OJeC-3wAlxLkDWD0XLVHFXGjYRJ7ihFQRHaIb/s1600/aurora-borealis-iceland.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_afd08uuttxEbap_kTw_Oeh3H3LqAr9EpPXpuM3b9owbm9mS5A8sbE62lBj7ksmoanDMfJTOplcjQhmb9bxUFVo8LCaPE0oMJH3ftwT2OJeC-3wAlxLkDWD0XLVHFXGjYRJ7ihFQRHaIb/s320/aurora-borealis-iceland.jpg" width="320" /></a></div>
<i><br /></i>
<i><br /></i>
<i><br /></i>
<i><br /></i>
<i><br /></i>
<i><br /></i>
<i><br /></i>
<i><br /></i>
<i><br /></i>São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-59023511280025512642016-01-02T15:51:00.004-08:002021-11-05T08:21:13.860-07:00Três anos ....<div style="text-align: justify;">
Três anos passaram desde que decidi criar este pequeno espaço para partilhar convosco um pouco do meu mundo, das minhas folhas ...</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Folhas que esvoaçam pelo vento no outono....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDJJz0Px72jE3K-EjqPgWSJGeZAcyV-Gxe4FPi58yFo1L4Xuo3jHB-7w6E85ZdQppHcakepz8XX5Nw_SmZJwNIBkoZA0BekL-z7qgS-CKak2o12RVHOzAFDNe_stk4Ai3zl1csHZe96zhD/s1600/73042_Papel-de-Parede-Folhas-Verdes--73042_1280x800.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="125" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDJJz0Px72jE3K-EjqPgWSJGeZAcyV-Gxe4FPi58yFo1L4Xuo3jHB-7w6E85ZdQppHcakepz8XX5Nw_SmZJwNIBkoZA0BekL-z7qgS-CKak2o12RVHOzAFDNe_stk4Ai3zl1csHZe96zhD/s200/73042_Papel-de-Parede-Folhas-Verdes--73042_1280x800.jpg" width="200" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Folhas que enchem as árvores na primavera e que dançam por entre os raios do sol, ao som da brisa matinal.....</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgFUUk6w-9Yf_FSaYUs4DMujv3LCxoHYHyx9tq_poIuYR-793z8l16tEkgYOmuuS-CJVihf_pSytdpTE8R-T_FjiyxWtVy5gg9UxMgnq_08Xz9YEHovm4WFErNaj5D6SmAU6w0WD9Soe-L/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgFUUk6w-9Yf_FSaYUs4DMujv3LCxoHYHyx9tq_poIuYR-793z8l16tEkgYOmuuS-CJVihf_pSytdpTE8R-T_FjiyxWtVy5gg9UxMgnq_08Xz9YEHovm4WFErNaj5D6SmAU6w0WD9Soe-L/s200/images.jpg" width="200" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Folhas vazias que esperam pelos caracteres, pelas letras, pelos traços e riscos, pelas palavras que por vezes teimam em não se soltarem....</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Folhas de livros novos e usados, cheias de mistérios, suspense e de algumas lágrimas ou de voos espaciais ....</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Folhas que são somente folhas.... mas que são as minhas folhas do mundo....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEmApq-tGzHK4hAoB3uvgI3ZgUPOU0YXRevZ3XVFUvGGRFXvOdreIB884weya6-dS4Zx6LfS_UrKBCcu_qazeLsnp0Ie5mavt3ro6_qzL_S1Mtuoym-49BGA4ChBLtYLeNi314q5AzSvl_/s1600/091119092639703004892293.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEmApq-tGzHK4hAoB3uvgI3ZgUPOU0YXRevZ3XVFUvGGRFXvOdreIB884weya6-dS4Zx6LfS_UrKBCcu_qazeLsnp0Ie5mavt3ro6_qzL_S1Mtuoym-49BGA4ChBLtYLeNi314q5AzSvl_/s320/091119092639703004892293.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2015 foi um ano difícil, um ano em que muito se alterou na minha vida. Um ano de luta contra aquilo que nunca esperamos e um ano de perdas humanas que me fizeram pensar muito no quanto mortais somos. Duas pessoas que se foram, pessoas que marcaram a minha vida e que ficam para sempre nos meus pensamentos, nas minhas lembranças e registadas nas minhas folhas das saudades...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Poucos livros, pouca escrita, e muito pouco para partilhar convosco. Espero sinceramente que 2016 me permita poder transmitir muito mais a quem me segue, aos amigos e a todos aqueles que por aqui passam ocasionalmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A todos vocês desejo um excelente 2016 e contem comigo para partilhar muito mais histórias, contos e muitas outras folhas que andam pelo mundo.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Até breve ....São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3482071922682107293.post-17738936538510492742015-06-15T03:21:00.001-07:002021-11-05T08:21:45.544-07:00Caminhos….<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiHOt3z8MRM3nTFR89X-qjS1pyQCwp5XLekMMLlEi4sKFyHr0RVxuZkYczH62UeWLTpjr1Dv92IRUwIBMxxEyvdnmqLQUkXAT3NLbxv3Ysn1R_eJXcFQnY13Cyi4hC6B-AwYrCRnNrVxOB/s1600/caminhos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="321" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiHOt3z8MRM3nTFR89X-qjS1pyQCwp5XLekMMLlEi4sKFyHr0RVxuZkYczH62UeWLTpjr1Dv92IRUwIBMxxEyvdnmqLQUkXAT3NLbxv3Ysn1R_eJXcFQnY13Cyi4hC6B-AwYrCRnNrVxOB/s640/caminhos.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<strong>
</strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">Caminhos….<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">Simples,
mágicos, tortuosos ou pedregosos…<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">Caminhamos
por vezes sem dar conta, sem sentir o ar fresco da madrugada, sem sentir o
cheiro a maresia ou mesmo o verde musgoso dos caminhos na serra….caminhamos
apenas por caminhar… porque somos eternamente caminhantes neste mundo ou em
qualquer outro lugar…<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">De
repente, uma pedra surge no caminho e tropeçamos nela. Aos tropeções vamos
bamboleantes, de encontro a um conjunto de obstáculos, soerguendo-nos com
firmeza ou prostrando-nos pelo chão. <o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">Levantamo-nos
com uma força que desconhecíamos possuir, como se um pozinho mágico do caminho
se infiltrasse em nós e nos alimentasse a alma. Como se uma gota de orvalho nos
saciasse a sede, e nos percorresse as veias, artérias e o nosso coração fosse
um órgão que bate ao som do vento e das folhas que marejam nos troncos das
árvores altas. <o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">Os
nossos olhos abrem-se e vemos um mundo desconhecido à nossa frente…. Caminhamos,
porque temos de caminhar…. Mas o trilho abre-se com uma luz nova, um brilho que
não possuía antes e tudo é novo…. <o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">Algures
os feiticeiros e duendes pintaram um mundo novo, com as cores do arco-íris e os
verdes são mais verdes, o mar é mais azul, e o céu … o céu é um imenso oceano
onde brilham todas as almas que nos acompanham.<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">Alguém
nos dá a mão e sorri, não a vemos, mas sabemos que ali está, porque sentimos o
seu toque e a gargalhada cristalina na nossa alma, no nosso coração. O orvalho
que percorre as nossas veias leva-os pelo corpo, sentimos o seu abraço e
caminhamos…. Caminhamos juntos em direcção ao arco-iris em busca do pote da
vida ….<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">Sempre…<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<strong><span style="font-size: large;">
</span></strong><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><strong><span style="font-size: large;">Porque
somos eternos caminhantes….</span></strong> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Bradley Hand ITC";"><o:p></o:p></span> </div>
São Bernardeshttp://www.blogger.com/profile/14046956087322727756noreply@blogger.com2