Março, mês
da primavera e já se sente no ar esta doce estação.
Naqueles
breves momentos do dia em que o vento ou a brisa ligeira se torna quente e o
sol brilha aquecendo-nos a alma, num céu imenso cheio de azul, ouvem-se os
pássaros e as pessoas passam com um sorriso no rosto.
Mas Sintra
não é um local de primavera.
É verde, da
cor da folhagem das árvores que ladeiam as ruelas íngremes que se cruzam e
lançam os seus visitantes à descoberta dos seres antigos que por aqui vagueiam.
É da cor da
paisagem, mistura-se com o musgo que cobre as pedras antigas que povoam os
caminhos e meandros da serra e os muros das velhas casas da vila.
Apenas as
glicínias descem em cachos lilases pelos alpendres, muretes e pérgolas das
casas senhoriais, com os seus troncos retorcidos e antigos, deixando por alguns
momentos o seu cheiro doce e almiscaro no ar.
A serra
espreita, mergulhada no seu manto feito de neblina cinza e pedaços de sonhos
que descem em lufadas sobre a vila. Nos velhos trilhos, pelo cair da noite,
sussurram-nos vozes profundas que contam histórias, lendas tão antigas que o
tempo já se esquecera delas.
É uma alma
antiga que espera serenamente pela bruma mágica e os seus mistérios.
Em Sintra
vive-se e sente-se.
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