domingo, 23 de março de 2014

Terra Fria de Manuel Alves



Sinopse

Uma octogenária em fim de vida recebe a visita de um padre aposentado, para a última confissão, e ambos revisitam o passado na esperança de exorcizarem demónios de consciência. Cinquenta anos antes, a mulher fora denunciada à PIDE por um bufo que depois desapareceu sem deixar rasto juntamente com o agente enviado para investigar a denúncia. Mas o demónio de consciência mais antigo nascera anos antes, dos escombros da Segunda Guerra Mundial, nas ruínas de um coração.







Esmeralda, sentindo os passos da morte a aproximar-se, confessa-se. É com esta confissão que vamos entrando na sua vida, longa em idade e longa em vivências. É pela sua própria mão que vamos percorrendo os caminhos tortuosos da pequena aldeia e dos campos verdes do Norte de Portugal. 

Vamos sentindo as alegrias, as tristezas e sobretudo a grande revolta que atinge aquela gente. Uma história dura, cheia de mágoa que nos atinge forte, como um poderoso murro no estomago do qual não conseguimos fugir e vamos percorrendo folha a folha, com os olhos húmidos, o desenrolar da vida do nosso povo, numa época muito própria do nosso país.

A escrita do Manuel Alves, bastante particular e única, tem o condão de nos aproximar das personagens e fazer-nos parte da história. Por uns tempos (a duração da leitura e a fase seguinte) fazemos parte daquele mundo, são nossas as dores de parto da Esmeralda, a revolta do Silvério face à morte do irmão, são nossas as ternuras dos lobos para com o Quim, são nossas todas as intrigas daquela aldeia que neste momento também é nossa. 

É nossa, sim agora cada vez mais, a dor da separação, da partida para longe para poder ganhar a vida!

E no fundo, temos sempre alguém mais distante ou mais perto na linha do tempo, que passou por experiências de vida algo semelhantes e que, por vezes, a vida nos leva a esquecer. Com este livro somos obrigados a lembrar esses tempos, como velhos fantasmas que chegam bem vivos até nós. 

A Esmeralda é forte e a prova viva que o amor vence todas as barreiras, qualquer que seja a sua natureza. O amor de mãe, o amor de mulher, a saudade do amor, tudo converge para uma força imensa do seu interior. 

A escrita do Manuel é assim, leva-nos a Sentir e quantas vezes nos esquecemos disso…

Aconselho a sua leitura e podem aceder, por um preço irrisório aqui.

Lê-se de um fôlego, entre palavrões e lágrimas que a tortura nos faz soltar.



“A liberdade não é coisa que se mata, é vontade que mais cresce quanto mais alguém lhe puxa as raízes do chão, é a vontade indomável de quem quer viver sem a fraqueza obrigatória de se render.” 

22 comentários:

  1. OLá, tal como tinha dito ao Fiacha, é uma pena não existir em formato tradicional (papel) não tenho nenhum leitor digital e ler no PC, custa-me bastante, parece-me ser pelas vossas opiniões, um excelente livro.
    Parabéns ao seu autor e que não desista.

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    1. Olá Nuno :)
      Pois é uma pena que ainda nenhuma editora tenha pegado nos livros do Manuel, era uma boa aposta.
      o livro é excelente, e vale a pena tentares ler. Ou então começa por um dos outros dele, que são contos, menos para ler no pc e vês logo como é a sua escrita.
      Parabéns ao escritor, sem dúvida.
      :)

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    2. Olá, Nuno. :)
      Eu também prefiro ler um livro de papel, mas quando o ebook é mais acessível e, às vezes, o único formato disponível (como é o caso do meu livro), o que interessa mesmo é a leitura. Leio no computador, com a aplicação Kindle para pc. É prática e, ao fim de umas páginas (se a leitura for agradável), o formato torna-se irrelevante. :)

      Olá, Caminhante. :)
      Vamos esperar que as editoras andem atentas. ;)

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  2. Olá A Caminhante...
    É de facto um bom livro, difícil exprimir tão grandiosa é a experiência de o ler.
    Essa citação de Manuel é linda tal como tantas outras que compõem a sua brilhante história. Excelente opinião. Fica a vontade de reler de novo.
    Beijinhos

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    1. Olá Carla
      escolhi esta citação, porque gosto muito dela, mas como dizes muitas outras poderiam estar ali.
      obrigada :) e penso que é daqueles livros que daqui a algum tempo, temos vontade de o reler e lembrar estas personagens tão cheias de vida
      beijinhos

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    2. Olá, Carla e Caminhante. :)
      Também gosto bastante dessa citação (independentemente de ser o autor). :)

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  3. Viva Caminhante,

    Sem duvida um livro excelente, da nossa história e que é sempre bom ser recordado.

    Concordo com tudo o que disses quer sobre o livro quer sobre o escritor, tamos talento por cá sem duvida ;)

    Mais uma leitura conjunta de um livro do Manuel e mais uma agradável surpresa e claro é sempre bom divulgarmos o que é nacional :)

    Bjs e venha a próxima leitura :D

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    1. Sim, a segunda leitura conjunta do Manuel e de facto muito boas. Ele tem de mandar cá para fora o próximo para uma futura leitura conjunta :)
      Vamos-nos habituando e depois não queremos outra coisa :P eh eh
      Não comentei tanto o período histórico em que a obra se passa porque tu já o fizeste e muito bem no teu comentário, sem dúvida que a tua família e tu próprio, "fruto" dessa época, sabes bem como fazê-lo.
      beijinhos

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    2. Já estou a trabalhar no próximo livro. Aliás, nos próximos. :D
      O primeiro livro de uma série de fantasia está previsto para o final de Maio.
      Quanto ao próximo romance (ficção literária), em princípio, só para o ano que vem.
      É esperar para ler. )

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  4. Eu como já disse por diversas vezes. Adorei este conto.
    A tua opinião expressa muito bem o que sentimos ao lê lo. As personagens são fortes e cativantes. Foi emocionante, angustiante, alegre, triste etc. Um conto a ler novamente.
    Bjs caminhante como sempre expressas muito bem a tua opinião.

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    1. Obrigada Luisa
      Penso que de facto é uma re-leitura obrigatória, pois parece-me que haverá pequenos pormenores a serem descobertos que agora podem ter passado, uma vez que estávamos tão ligados aos personagens e à história :)
      beijos

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    2. Às vezes, as entrelinhas contam outra história. ;)

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  5. Uma boa opinião São e sim a escrita do Manuel "leva-nos a Sentir".

    A ver se sem ele saber envio os seus trabalhos para algum editor(a) como a Maria do Rosário Pedreira, tenho a certeza que ela ia gostar.

    Um abraço

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    1. Sem dúvida que seria muito justo, alguém "pegar" no Manuel e seguir em frente :)
      Vamos ver se entre nós conseguimos alguma coisa, seria muito bom ^_^

      Sentir é uma coisa muito importante que nos faz crescer e esquecemo-nos tantas vezes ...

      um abraço para ti também

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  6. Marco, se houver um livro meu publicado em papel em consequência da tua recomendação (a quem quer que seja :D ), terás agradecimento assegurado em tinta. :D

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    1. Posso entregar a tua Lili a alguém para ler, Manuel?
      Não prometo nada ...

      :)

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    2. Caminhante, a Lili é para ser partilhada. O resto pertence ao acaso. Estás à vontade. ;)

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    3. Partilhem lá por mail a Lili com o corvo, prometo tratar bem dela :D

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    4. Fiacha, o primeiro livro da Lili é gratuito e podes descarregá-lo aqui.
      É só escolher o formato preferido. ;)

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    5. é a minha personagem favorita :) a lili
      ainda não comentei o natal da lili :(
      tenho de reparar esta questão ...

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    6. Caminhante, a Lili já está aqui de braços cruzados e nariz no ar, a bater o pé no chão. :D

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    7. ah ah :D muito impetuosa a Lili, tenho de fazer as pazes com ela :)

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