domingo, 3 de fevereiro de 2013

Drácula de Bram Stoker


Após uma leitura conjunta, que me agradou bastante, de um livro lido há muito tempo atrás, deixo-vos o meu comentário:




Bram Stoker um escritor irlandês, que viveu durante grande parte da sua vida em Inglaterra, no inicio do século XX, ficou mundialmente conhecido, até aos dias, pelo seu livro Drácula. 

Este tem sido por vezes colocado na prateleira e evitado por inúmeros leitores, porque não gostam de histórias de terror, no entanto este facto leva a um desconhecimento de uma história que na minha opinião, se encontra muito bem contada e que para além do tema, é um retrato de uma sociedade em plena época vitoriana. 

Não é a toa que alguns críticos consideram Bram Stoker como um habilidoso contador de histórias. 

Resumidamente a história relata-nos a viagem de um jovem advogado inglês que viaja até á Europa Central, Roménia, para negociar a venda de uma propriedade em Inglaterra a um nobre romeno conhecido como Conde Drácula. Rapidamente o jovem percebe que há qualquer coisa de anormal na vida deste seu anfitrião e vê-se encurralado num conjunto de acontecimentos aterrorizantes. Em Inglaterra o Conde chega, após uma viagem estranha e surgem uma série de acontecimentos que marcam de uma forma inesquecível todo um grupo de amigos ao qual, o jovem se encontra ligado pela mulher com quem irá casar. A partir daí toda a história se desenrola na organização de um método que combata e deite por terra, todo o plano maquiavélico deste estranho Conde. 

O livro é escrito em 1897 e não nos podemos esquecer deste facto, uma vez que ele retrata de uma forma bem vincada toda a sociedade da época. 

Durante vários anos, Bram Stoker, pesquisou o folclore europeu e tudo o que havia, na época, sobre Histórias mitológicas de vampiros. Neste livro, o autor cria a figura de um Conde romeno, Drácula que, segundo algumas teorias, seria inspirado no romeno Vlad Dracul, também conhecido por Vlad Tepes o Empalador. 

O autor, constrói a sua obra a partir do relacionamento entre o passado, as suas lendas, o obscuro, o mítico e a realidade do mundo moderno. Isto é, na excelente personagem de Van Helsing, a ciência, ou seja a racionalidade do espírito científico surge aliada ao desvendar de um passado obscuro e pagão. Os diálogos deste personagem são fantásticos, é um profundo conhecedor de medicina, da legislação, bem como da história europeia e da sua mitologia. As transfusões de sangue, as interpretações da mente humana, no doente psiquiátrico que acompanham, Renfield, aliadas ao uso de superstições como o alho e as suas flores e às de caracter religioso como a água benta, crucifixos e hóstias, transformam este personagem numa figura extremamente interessante e que dá vida a toda a obra. 

A sua escrita, através de diários, cartas, telegramas, noticias de jornais, torna-a mais cativante, na minha opinião claro, uma vez que desta forma permiti-nos conhecer de uma forma mais pessoal cada uma das personagens, os seus medos, os seus dramas, as suas reacções face a este estranho Conde que surge nas suas vidas de uma forma obscura e quase que fantasmagórica, pois raramente se deixa ver. 

A figura feminina surge nesta obra, muito ligada ao conceito da época. São personagens muito desejáveis, todas elas desde as vampiras que habitam o castelo do Conde, a própria Lucy e Mina. Exemplos típicos da beleza feminina, consideradas como o sexo mais fraco à época, e por isso mais corruptíveis pelo mal, sendo elas próprias o principal alvo do Conde, tornando-se depois disso levianas e sedutoras. No entanto Mina, na sua vontade de emancipação, mais liberal, acaba por conseguir desempenhar um papel fundamental no desenrolar de toda a história e no seu próprio desfecho. Mas no final do livro, o autor faz questão de lhe conceder o papel de mulher, na sociedade da época, que passa invariavelmente pelo papel de mãe. 



Drácula é um excelente livro, que recomendo vivamente.

6 comentários:

  1. Excelente texto amiga :)

    Confesso não conhecer a história no que concerne à leitura do livro, mas pelo que vejo, vale bem a pena a sua leitura.

    Fica a recomendação para quem sabe um dia eu experimentar..

    continuação de boas leituras ;)

    beijinhos

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    1. Obrigado pelas tuas palavras.
      Penso que um dia deves experimentar a lê-lo, se não gostares pões de lado, não somos obrigados a gostar todos do mesmo livro. mas pode ser que seja uma agradável surpresa.
      Boas leituras para ti também, no intervalo dos estudos :)
      beijinhos

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  2. Olá amiga caminhante,

    Antes demais quero desde já agradecer a releitura deste livro em leitura conjunta, penso que o livro foi uma boa escolha e para mim uma agradável surpresa.

    Penso que já conheces a minha opinião, o livro começa muito bem, mistério, terror, momentos de cortar a respiração mas depois penso que perde um pouco esse ritmo.

    Deixa de ser interessante ? Nada disso, quer Van Helsing, quanto a mim uma das mais valias do livro, até por tudo o que comentaste e até pela quantidade de informação que nos fornece sobre os vampiros e mesmo Renfield está muito bem desenvolvido.

    Penso que o que fez falta ao livro para estar 5 * é mesmo mais participação do nosso Dracula, ter lutado pela sua vida, sabermos mais sobre o que pensa, isto claro na minha opinião.

    Mas foi uma leitura muito agradável, adorei tal como o teu comentário, parabéns ;)

    Bjs

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    1. Pois Fiacha, foi mesmo uma boa escolha, muitos pormenores que eu já não me lembrava e que fazem com que o livro seja tão bom.
      O facto de o ler com uma idade completamente diferente, também faz com que seja ligeiramente diferente.
      Obrigado, ainda bem que gostaste do comentário.
      Bjs

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  3. Um livro realmente muito bom e tenho de concordar com muito de que dizes, mas o facto do Drácula ser a personagem principal e não aparecer, mas ao mesmo tempo estar sempre presente acaba por funcionar muito bem e dá-lhe uma outra aura que doutro modo não aconteceria se tivéssemos a "sua visão".

    Bom texto, vou tentar cá vir mais vezes.

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    1. Bem vindo Marco, gosto da tua visita. Que surpresa
      Concordo contigo que funciona muito bem a ausência do Drácula, dá uma leitura da personagem muito mais interessante.

      Obrigado, sempre que quiseres aparece, o blog não é só de comentários a livros, mas sim de várias outras coisas que eu gosto e decido partilhar. Espero que gostes

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