quarta-feira, 2 de março de 2022

Março em Sintra






Março, mês da primavera e já se sente no ar esta doce estação.

Naqueles breves momentos do dia em que o vento ou a brisa ligeira se torna quente e o sol brilha aquecendo-nos a alma, num céu imenso cheio de azul, ouvem-se os pássaros e as pessoas passam com um sorriso no rosto.

Mas Sintra não é um local de primavera.

É verde, da cor da folhagem das árvores que ladeiam as ruelas íngremes que se cruzam e lançam os seus visitantes à descoberta dos seres antigos que por aqui vagueiam.

É da cor da paisagem, mistura-se com o musgo que cobre as pedras antigas que povoam os caminhos e meandros da serra e os muros das velhas casas da vila.

Apenas as glicínias descem em cachos lilases pelos alpendres, muretes e pérgolas das casas senhoriais, com os seus troncos retorcidos e antigos, deixando por alguns momentos o seu cheiro doce e almiscaro no ar.

A serra espreita, mergulhada no seu manto feito de neblina cinza e pedaços de sonhos que descem em lufadas sobre a vila. Nos velhos trilhos, pelo cair da noite, sussurram-nos vozes profundas que contam histórias, lendas tão antigas que o tempo já se esquecera delas.

É uma alma antiga que espera serenamente pela bruma mágica e os seus mistérios.

Em Sintra vive-se e sente-se.

 


 


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