Sinopse
Nesta selecção de contos inéditos, o inimitável Ray Bradbury encanta-nos de novo com a sua prosa fluente e cantante. Imagina coisas extraordinárias e observa com especial acutilância as fraquezas humanas, as pequenas falhas de carácter. Maravilha-nos com a magia que durante anos dominou e sempre tão presente esteve na sua escrita. Seja explorando as diversas possibilidades do renascimento, seja analisando as circunstâncias que podem fazer de qualquer homem um assassino ou, uma vez mais regressando a Marte, Bradbury revela-nos um mundo a que ficamos presos.Os seus contos são eternos. Teremos Sempre Ray Bradbury.
Há muito tempo que andava para ler Ray Bradbury, mas ainda não tinha surgido a oportunidade. Dos seus inúmeros livros aquele que me veio parar às mãos foi “Teremos sempre Paris” talvez porque é um livro de contos.
Confesso que não estava à espera do que li. Esperava algo mais ligado à FC, uma distopia, contos passados em um planeta distante ou algo diferente pois são estes, normalmente os temas dos seus livros.
Muito bens escritos, os contos curtos de “Teremos sempre Paris” são bastante diferentes, o que faz com que nos identifiquemos mais com alguns e não gostemos tanto de outros.
No entanto ao longo das páginas deste livro encontramos pequenas histórias (no total de 22) que nos apresentam retractos sociais, detalhes do quotidiano aliados a uma fantasia que por vezes chaga a ser bastante subtil.
Segundo o próprio autor refere, na introdução, estes contos foram escritos ao longo da sua vida. Este facto é notório porque de certa forma se vê reflectidos a vivência mais ou menos acentuada do autor, na diversidade dos temas abordados.
Uma obra muito social, muito sobre a natureza da mente humana, dos seus dramas e da sociedade. Em muitos contos encontramos o reflexo da sociedade, tão hipócrita e tão desumana na vida dos personagens, simples cidadãos. É nesta divergência e por vezes incompatibilidade que Bradbury explora, e muito bem, as fraquezas humanas, as falhas de caracter que podem transformar um qualquer cidadão num eminente assassino.
Se fiquei surpreendida ao ler este livro, porque esperava algo diferente, não significa que não tenha gostado do que li.
Gostei, e de alguns contos posso afirmar que gostei bastante, porque mesmo nestas histórias, que poderão ocorrer a qualquer momento com as pessoas com quem cruzamos diariamente, existe uma certa “magia” que as envolve numa ambiência que me parece muito típica da escrita de Ray Bradbury.
Locais estranhos, ruas e campos que não levam a lado nenhum e que provavelmente são apenas extensões da mente humana.
Parecem, por vezes, pequenos momentos de reflexão, momentos de observação sobre o que nos rodeia, as pessoas que se cruzam nas ruas, em que o autor captou a imagem e lhe deu o seu toque muito pessoal, transpondo-a para o papel, revelando-se em praticamente todos eles uma certa sátira à sociedade em que vivemos.
Sem ser um livro excelente é uma agradável leitura para quem goste de contos do quotidiano com uma leve dose de “loucura”, é claro.