terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Histórias de Fantasia - Sessão de contos




Na passada sexta-feira, dia 21 de Fevereiro, tive a minha segunda sessão de contos. Um pouco nervosa, pois ainda são muito recentes as minhas andanças neste mundo dos contos, lá fui até à GataFunho para contar quatro histórias de fantasia.

O ambiente é excelente, e é muito bom para mim contar assim num local mais intimista. Estavam 14 pessoas a assistir, entre amigos, familiares e amigos de amigos que eram desconhecidos para mim. 

Para esta sessão escolhi quatro histórias que poderiam ser representativas do tema que escolhi: Fantasia. 

Definir fantasia é uma tarefa que não é fácil e todos nós temos, certamente, uma resposta sob o nosso ponto de vista, mas será que estamos certos? Ou será que encaramos fantasia sob um ponto de vista mais redutor, segundo os nossos gostos pessoais ou de acordo com parâmetros pré-concebidos da época em que vivemos?

Para mim, na minha humilde opinião, Fantasia sempre existiu desde que a humanidade existe e desde que se começaram a contar e a transmitir histórias. Oralmente, os primeiros povos contavam o que viam e o que a sua imaginação via no desconhecido. Pequenos arbustos que, com o vento, projectavam verdadeiros monstros que ameaçavam as tribos e que criavam lendas que passavam de geração em geração., e muitas outras histórias surgiram ao longo dos tempos.

Mas não me quero alongar com um tema que daria “pano para mangas” só por si. O que me interessa hoje é falar-vos do que contei nesta sessão.

Tentei ter algum cuidado na escolha das histórias, por forma a contemplar diferentes vertentes deste mundo gigantesco a que chamamos Fantasia.

Vou apresentar um pequeno resumo de cada uma das minhas escolhas, bem como um pequeno excerto das histórias.


O Estudante e o seu filho – Gene Wolfe


Para quem não conheça, Gene Wolfe é um escritor norte-americano que escreveu, entre outros “O Livro do Novo Sol”. Este é composto por cinco volumes, onde Severian, habitante de um mundo a que o autor apelidou de Urth (provavelmente uma distorção de Earth, a Terra), nos escreve a viagem que empreendeu desde a sua infância, um aprendiz de torturador, até ao seu derradeiro final.

Uma viagem que passa pelo conhecimento do seu mundo e consequentemente pela história do seu próprio planeta. É também, na minha opinião, uma viagem pessoal, à sua voz interior ou às mil vozes que o compõem. Quem é este homem, dono de uma memória infalível, como ele próprio tantas vezes afirma, é a questão que colocamos desde o início até ao fim de cada livro. 

Durante a sua viagem Severian fez-se acompanhar de um pequeno livro de capa castanha “O Livro de Urth” que é composto por um conjunto de pequenas história que ele vai lendo ao longo do caminho. É pois uma dessas histórias que escolhi para partilhar com o meu público.

“O Estudante e o seu filho” fala-nos de um estudante, que no final do seu treino para mágico, cria um filho de carne a partir da matéria dos sonhos. Este jovem, criado a partir dos sonhos, parte numa missão para salvar as donzelas, que foram aprisionadas por um ogre que vive numa ilha circundada por um imenso labirinto de canais e braços de mar. Neste pequeno resumo, parece uma história como tantas outras em que o herói parte para salvar a princesa às garras do Dragão. 

Mas é muito mais do que isso. A escrita de Wolfe é quase poética, cheia de significados e simbolismos, obriga-nos a uma leitura atenta. O percurso feito pelo jovem até ao seu destino está cheio de pequenas peripécias e de descrições de toda a envolvente. E o sonho, mais uma vez, sabemos que “comanda a vida”, e comanda toda esta história.


“Com o tempo, o dourado outono gastou-se e, furtivamente, veio o inverno, da sua capital gelada, onde o sol desliza ao longo da borda do mundo como uma bola enfeitada de pechisbeque e onde os fogos que fluem entre Urth e as estrelas incendeiam o céu. Transformou em aço as ondas, ao tocá-las, e a cidade dos mágicos deu-lhe as boas-vindas, pendurando colgaduras de gelo nas varandas e cobrindo os telhados de merengue de neve. O velho convocou outra vez o estudante e o estudante respondeu como antes.

A primavera chegou e com ela alegria para toda a natureza, mas na primavera a cidade cobria-se de negro; e o ódio e o desprezo pelos poderes próprios – que rói como um verme no coração – abateu-se sobre os mágicos. É que a cidade não tinha senão uma lei e uma maldição, e, embora a lei tivesse poder todo o ano, a maldição dominava a primavera. Na primavera, as mais belas donzelas da cidade, as filhas dos magos, vestiam-se de verde; e, enquanto as brisas da primavera brincavam com os seus dourados cabelos, elas cruzavam descalças o portal da cidade e desciam o estreito caminho que levava ao cais e embarcavam no navio de velas negras que as esperava. E, por causa dos cabelos dourados e dos vestidos de faille verde e porque parecia aos mágicos que elas eram colhidas como o milho, chamavam-lhes “donzelas do milho”.



A Sombra - Hans Christian Andersen

Apesar de ser mais conhecido como escritor no campo da literatura infantil, Hans Christian Andersen destacou-se igualmente como escritor do conto fantástico no final do século XIX, do qual “A Sombra” constitui um bom exemplo pela subtileza e criatividade expressas neste conto.

O tema não era novidade, foram vários os contos que surgiram em que o Homem perdia a sua sombra e várias as interpretações que se davam a esta questão. Por um lado uns defendiam a sombra como sendo um reflexo da alma, logo perder a sombra era a perda da alma; outros porém defendiam que ela é a essência do ser humano, o “duplo” que cada um de nós possui. Alguns ainda defendiam que podia ser um desejo de estar junto da pessoa amada que levava à separação.

Mas Andersen cria uma Sombra que se emancipa, que vinga no mundo e prospera. O reencontro final não é o que esperamos, e o mundo não se compadece de quem defende os valores da beleza e da justiça.

"Mas o que o senhor viu? Todos os deuses da Antiguidade andavam pelos vastos salões? Os velhos heróis travavam combate? Crianças gentis brincavam e contavam os seus sonhos?"

"Estou lhe dizendo que estive lá, e o senhor pode imaginar que vi todas as coisas que havia para ver! Se o senhor tivesse estado lá, não teria se transformado em homem, mas foi o que aconteceu comigo! E em pouco tempo aprendi a conhecer a minha natureza mais íntima, as minhas características inatas, meu parentesco com a Poesia. Na época em que eu vivia com o senhor, não pensava nessas coisas, mas, como o senhor bem sabe, toda vez que o sol nascia ou se punha eu ficava fantasticamente grande; com efeito, à luz do luar eu quase ficava mais nítido do que o senhor; naquele tempo eu não compreendia a minha natureza; naquela antecâmara é que tudo se desvendou para mim! Eu me transformei em homem! Saí de lá amadurecido, mas o senhor já não se encontrava nas terras quentes; como homem, eu me envergonhava de andar com aquele aspecto. “



Smith de Wootton Major – J.R.R. Tolkien

Este foi o último conto, do autor, a ser publicado (1967), antes da sua morte em 1973. 

Em Wootton Major é realizado um banquete de 24 em 24 anos, no qual o cozinheiro “municipal” tem de fazer um bolo para 24 crianças que são convidadas. Tem de ser um bolo único e especial. No meio da massa do bolo é colocada uma pequena estrela que alguma criança irá engolir sem dar conta. Uma estrela mágica que mudará a sua vida para sempre.

O tempo e espaço de “Smith de Wootton Major” são claramente os do conto de fadas. Aqui é possível viajar entre mundos, o dos humanos e o dos “Faërie”. Tolkien sempre se debateu contra aqueles que não acreditavam em fantasia e esta história pretende retratar esta questão. 

As fadas da teoria de Tolkien partilham com os Elfos os segredos sobre a natureza e o mundo há muito esquecidos pelo homem, eles são seres inteligentes, sensíveis e detentores de capacidades extra-sensoriais que remontam à formação do mundo e que lhes permitem viver numa harmonia cósmica inigualável.

Numa localidade onde só acreditam em fadas, as crianças e alguns adultos, surge a prova de que os “Faërie” realmente existem e Smith tem em seu poder o passaporte para esse mundo.

"A princípio, no Reino das Fadas, andou em grande parte, pacatamente, entre a gente de menos importância e as bondosas criaturas das florestas e dos prados de belos vales, e pela beira das luminosas águas onde à noite brilhavam estranhas estrelas e ao alvorecer se espelhavam os picos cintilantes de montanhas longínquas. Algumas das suas visitas mais breves passou-as a olhar apenas para uma flor ou para uma árvore; mas mais tarde, em viagens mais longas, viu coisas em que havia simultaneamente beleza e terror e de que depois não conseguia lembrar-se claramente nem contar aos seus amigos, embora soubesse que tinham ficado a habitar no fundo do seu coração. Mas algumas coisas não as esquecia e permaneciam-lhe na mente como maravilhas e mistérios que frequentemente recordava.


Quando começou a caminhar para longe sem um guia, pensou que descobriria os limites extremos da Terra; mas ergueram-se à sua frente grandes montanhas e, indo por longos caminhos à volta delas, chegou por fim a uma costa desolada. Parou ao lado do mar da Tempestade sem Vento, onde as ondas azuis como montes coroados de neve rolam silenciosamente, vindas do Não Iluminado para a praia comprida e trazendo os barcos brancos que regressam de batalhas nas Marcas Escuras das quais os homens nada sabem. Viu um grande barco ser lançado, alto, para terra e as águas recuarem em espuma, sem um ruído. Os marinheiros élficos eram altos e terríveis; as suas espadas brilhavam, as suas lanças cintilavam, e tinham nos olhos uma luz não penetrante. De súbito, ergueram a voz num canto triunfal e o coração de Smith estremeceu de medo, e ele caiu de bruços e eles passaram-lhe por cima e afastaram-se para os montes ecoantes."




O Bicho-Papão – Dino Buzzati


A história começa com o engenheiro Roberto Paudi a chegar a casa e ver a ama do seu filho a deitá-lo e a dizer-lhe que, se não ficasse quieto, o bicho-papão apareceria. Indignado, ele repreende-a com estas superstições tolas e sem fundamento, capazes de provocar sérios danos na psique imatura do filho. É claro que houve quem não gostasse de ouvir esta reprimenda e nessa mesma noite, os sonhos do engenheiro Paudi, foram bem animados com a presença desse visitante que pode assumir as formas mais diversas e que foi apanhado pelo próprio, quando de manhã tentava sair sorrateiramente do quarto através da parede.

O que sucede a seguir é uma verdadeira caça ao Bicho-Papão, num mundo onde o poder público é tão abusivo ao ponto de tentar destruir o que é enigmático. 

Dino Buzzati escreve este conto onde o ponto fulcral é a morte da fantasia e da ternura, frente a um despotismo político.

“Ao contrário do que Pauli esperava, não só o assunto foi encarado por todos com grande seriedade, mas a sua tese, que poderia parecer óbvia, encontrou acirradas oposições. Algumas vozes levantaram-se para defender uma pitoresca e inofensiva tradição que se perdia na noite dos tempos, insistindo na completa inocuidade do monstro noturno, aliás, absolutamente silencioso, e ressaltando os benéficos efeitos educativos da sua presença. Alguns falaram claramente num “atentado contra o património cultural da cidade” caso se recorresse a medidas repressivas. E o orador foi calorosamente aplaudido.

Por outro lado, quanto ao mérito da questão, prevaleceram enfim os irresistíveis argumentos aos quais apela, com demasiada frequência, o chamado progresso para destruir as últimas cidadelas do mistério. O bicho-papão foi acusado de deixar uma marca nociva nas almas infantis, de suscitar, às vezes, pesadelos contrários aos princípios da correta pedagogia. Também foram discutidas questões de higiene: sim, é verdade, o mastodonte nocturno não sujava a cidade nem espalhava nenhum tipo de excremento, mas quem poderia garantir que não fosse portador de germes e vírus? Também nada se sabia de positivo sobre o seu credo político: como excluir o facto de que as suas sugestões, aparentemente tão elementares, se não simplórias, escondessem insidias subversivas?”

Agradeço a todos os que me têm apoiado, e a todos os que tiveram presentes quer fisicamente, quer em espírito. Sem vocês, nada deste meu sonho seria possível.

O meu muito obrigado à GataFunho e à Ana Paula Faria pela confiança que depositou em mim e pelo carinho que tem demonstrado para com os Contadores de Histórias de uma forma geral e para com os que agora se iniciam.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A magia das histórias



As histórias, os contos sempre fizeram parte da minha vida desde que me lembro de ser gente. A minha mãe contava-me histórias quando era criança e elas faziam-me sonhar com mundos longínquos e ter amigos fantásticos. Infelizmente a minha mãe não gostava de fantasia, a realidade era um ponto-chave para ela e as suas histórias que à luz do dia eram reais, durante a noite, esvoaçavam pelo meu sonho transformando-se em pequenos seres míticos, florestas perdidas com árvores sussurrantes e quedas de água misteriosas. Aí, no mundo dos meus sonhos, eu era a que viajava, a que procurava novas aventuras para me divertir.

Mais tarde este gosto intensificou-se. E desde sempre me vi a ler histórias, contos de todos os “géneros e feitios”. Caminhei sempre entre os mundos, o real e o da fantasia. Procurei na natureza, a beleza dos velhos trilhos que percorria em criança, nos meus sonhos, e encontrei-os.
São esses trilhos que percorro hoje, por florestas verdes e musgosas, por meio de pedras que sussurram histórias antigas e ventos que trazem vozes desconhecidas.

É por isso que hoje sou caminhante… 

Caminho entre mundos, encho os bolsos de pequenos pedaços de cada mundo que visito, de pequenos textos, de pequenas histórias. 

Puxo por um braço de um pequeno anão que se encontra alojado no meu bolso direito e logo sinto o rugido do dragão no bolso esquerdo, atrás do anão vem uma nave interestrelar e com ela um planeta de areias moribundas habitadas por vermes gigantes que devoram pouco a pouco o sol e as duas luas que brilham azuis no céu sem estrelas…

Recentemente, descobri um novo trilho… ladeado de pequenos bosquetes por entre as veredas escarpadas, mas por onde as histórias podem correr ainda mais livremente, podendo-se expandir, como sombras que se esticam ao sol.

Um amigo abriu-me a porta, eu entrei e descobri o mundo dos contadores de histórias, deixando-me levar por ele.

A partir de hoje irei desenvolver um campo, aqui no blogue dedicado aos contos que vou lendo e sobre as minhas sessões de contadora de histórias. 

Convido-vos todos a entrarem neste mundo tão fantástico e a partilharem as vossas opinões, sugestões e tudo aquilo que quiserem…


Deixo-vos um pequeno conto Zen de boas vindas : A Chávena de Chá


Um professor de filosofia foi ter com um mestre zen, Nan-In, e fez-lhe perguntas sobre Deus, o nirvana, meditação e muitas outras coisas. O Mestre ouviu-o em silêncio e depois disse.
- Pareces cansado. Escalaste esta alta montanha, vieste de um lugar longínquo. Deixa-me primeiro servir-te uma chávena de chá.
O Mestre fez o chá. Fervilhando de perguntas, o professor esperou. Quando o Mestre serviu o chá encheu a chávena do seu visitante e continuou a enche-la. A chávena transbordou e o chá começou a cair do pires até que o seu visitante gritou:
- Pára. Não vês que o pires está cheio?
- É exactamente assim que te encontras. A tua mente está tão cheia de perguntas que mesmo que eu responda não tens nenhum espaço para a resposta. Sai, esvazia a chávena e depois volta.


Pois é, esvaziem as vossas mentes e venham enchê-las com a magia das histórias ….




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Tábua de Flandres de Arturo Pérez-Reverte




Sinopse:

No final do século XV, um velho mestre flamengo introduz num dos seus quadros um enigma que pode mudar a história da Europa. No quadro, o duque de Ostenburgo e o seu cavaleiro estão embrenhados numa partida de xadrez enquanto são observados por uma misteriosa dama vestida de negro. Todavia, à época em que o quadro foi pintado, um dos jogadores já havia sido assassinado.
Cinco séculos depois, uma restauradora de arte encontra a inscrição oculta: uis necavit equitem? (Quem matou o cavaleiro?) Auxiliada por um antiquário e um excêntrico jogador de xadrez, a jovem decide resolver o enigma. A investigação assumirá contornos muito singulares: o seu êxito ou fracasso será determinado, jogada a jogada, através de uma partida de xadrez constantemente ameaçada por uma sucessão diabólica de armadilhas e equívocos.

Livro fundamental para os amantes do mistério, A Tábua de Flandres foi a obra que tornou Arturo Pérez-Reverte o escritor espanhol contemporâneo mais lido em todo o mundo. Já adaptado ao cinema, é um apaixonante puzzle que o autor encadeia com uma destreza absolutamente excepcional.
 

Como a sinopse refere, uma jovem restauradora de obras de arte, descobre uma inscrição oculta na pintura em que se encontra a trabalhar. Um quadro que retracta uma partida de xadrez disputada entre duas personagens, sendo que foi pintado dois anos após o assassinato de uma delas.

A partir do momento em que este facto, bem como a inscrição misteriosa se tornam perceptíveis, um desencadear de situações e de acontecimentos, transformam a vida pacata de Júlia (a restauradora) num reboliço imparável. E quando se pensa que tudo se resume a uma investigação no mundo das antiguidades, surge um jogador misterioso que vem transformar um mistério antigo, ainda por revelar ao fim de 5 séculos, num outro mistério, cheio de armadilhas, que envolve todos os protagonistas e que se desenvolve ao ritmo de cada lance num tabuleiro de xadrez.

A Dama Branca e a Dama Preta, bem como o Cavaleiro (antigamente era este o nome dado ao Cavalo) e o seu Bispo, são peças fundamentais deste jogo que se move com uma aguçada agilidade, e que vai por a nu todas as facetas que a ambição e o poder exercem sobre a mente humana.

Um livro muito bom e muito ao género que o Arturo Pérez-Reverte vai habituando os seus seguidores. Uma escrita cativante que agradará certamente a todos aqueles que gostam de um bom mistério e uma boa partida de xadrez.

O final, que acaba por ser um pouco previsível (desde que estejamos com atenção a pequenos pormenores que ocorrem ao longo do desenrolar da história) não tira o interesse com que vamos acompanhando a partida de xadrez que se vai jogando em plena vida madrilena.

Um bom livro, um bom escritor do qual irei ler um dia destes “O Clube Dumas” (livro que inspirou o filme “A Nona Porta”).